segunda-feira, 10 de maio de 2010

Luxúria um pecado capital


A pornografia está cada vez mais presente no dia-a-dia principalmente dos homens, mas essa prática é mais antiga que a própria Grécia

A pornografia se remonta desde primórdios da Grécia. Em Atenas era comum a apresentação de sexo e nudez, isto há mais de 2.500 anos. Por lá as ruas eram enfeitadas com estatuetas de corpos “sarados” todos completamente desnudos, nas casas era comum vasos decorativos com imagens eróticas. E com tanta sacanagem no ar foi preciso criar uma definição para isso, daí surgem a palavra pornographos que significa “escrito sobre prostitutas”. Com o tempo foi preciso formular está definição, onde pornografia é tudo que descreve as relações sexuais sem amor. Hoje a definição é pouco mais abrangente em que pornografia é “o que trata de coisas ou assuntos obscenos ou licenciosos” (Dicionário Aurélio, p.546).
Ainda na Grécia, o pênis ereto era considerado símbolo da sorte. E para a diversão masculina era comum concursos de mulheres nuas, onde eram escolhidas as melhores “nádegas de Vênus”. E para quem tinha um pouco mais de cultura o interessante era ir ao teatro, na época, a peça mais famosa era Lisístrata, de Aristófanes, onde a personagem principal convoca as atenienses à greve de sexo enquanto durar a Guerra do Peloponeso. Desesperados, os guerreiros encerram o conflito. Ainda era possível se encontrar escritores especializados na vida sexual. Esses homens escreviam dicas sobre sexo, assim como conhecemos em revistas como a Playboy.
Em meados do século 2 d.C na Índia, surgiu o Kama-sutra, que foi escrito pelo nobre Mallanaga Vatsyayan com mais de 500 posições sexuais. Nesta literatura o estudioso pesquisou textos milenares sobre o sexo e fez defesa da liberdade sexual. Para ele o sexo faz parte da criação divina e deve ser contemplado e praticado por todos.
Mas essa pornografia toda estava por chegar ao fim, foi no século 6 que a luxuria foi listada como pecado capital, a partir daí a pornografia explicita como era conhecida começa a ser vetada pela Igreja. Para se satisfazer os homens procuravam os “contadores de História”, que eram andarilhos que contavam sobre mulheres picantes. Depois de um tempo a pornografia ficou cada vez mais proibida e quem praticasse ou falasse sobre esses assuntos iria até para a fogueira ou exílio. Agora fica fácil descobrir de onde surgiu os filmes pornôs e de onde vem toda essa vergonha que nossa sociedade ainda enfrenta sobre o sexo.
Claro que hoje as coisas estão muito mais abertas que após a intervenção da Igreja sobre o tema, mas não tão escancaradas como na Grécia. Felizmente ou infelizmente a internet é hoje uma ferramenta poderosa para aqueles que têm espírito Ateniense. Filmes pornôs online são de fácil acesso até para menores de idade. Segundo Matheus Molina, 21 anos, começou a ver filmes pornôs na internet desde seus 15 anos. “Eu lembro que nem sabia direito pra que servia um filme pornô mais meus amigos e a minha curiosidade para saber como funcionava o sexo eram mais fortes, como a única forma de descobrir era vendo os filmes e eu não podia ir a uma locadora resolvi baixa-los na internet, ela é hoje a principal ferramenta do sexo para o homem gosta dessas coisas”, afirma Matheus.
Uma pesquisa iniciada pela Universidade de Montreal, que pretendia analisar as diferenças entre homens que já haviam visto filmes pornôs e homens que nunca haviam visto comprovou que 100% dos homens já viram algum tipo de pornografia e que 90% dela é encontrada na internet.
A pornografia digital por sua vez iniciou na segunda metade do século 19 por meio de fotos e livros, que passaram a ser vendidos a cada dia mais. Os livros que retratavam de sexo eram conhecidos como “romances para homens” eles normalmente falavam de adultério, incesto, prostíbulos e até sobre padres que largavam a batina. Já no final do século a pornografia é apresentada de outra forma, em formato de filmes. Os irmãos Lumière perceberam que a novidade daria muito dinheiro. Nos filmes os diretores não brincavam em serviço, o repertório era composto por sexo oral, lesbianismo e ménage à trois, sempre em cenas reais e continham entre 7 a 15 minutos cada fita.
Mais uma vez os filmes são proibidos e era preciso fazer tudo as escuras. E como tudo que é escondido é mais gostoso. Criou-se as fitas em VHS e o filme pornô começou a se multiplicar entre, principalment
e, homens. Estima-se que DVDs, fitas VHS e canais de TV a cabo pornô movimente, anualmente, cerca de 14 bilhões de dólares no mundo. Isso sem contar a quantidade que não arrecadaria se os filmes pornôs online fossem cobrados.
Para o homem o pornô age como um material para se excitar, é o que afirma a sexóloga Dra. Stany de Paula, por isso eles gostam tanto de ver coisas relacionadas ao sexo. “Alguns utilizam o filme para relaxar, estimular o desejo, a maioria dos homens tem fantasias a nível visual então os filmes são a mídia mais imediata que pode ser buscada por eles, independente se casados ou solteiros, pois os casados também podem usar o filme como uma forma de sair da rotina da relação,” avalia.
A fantasia masculina não tem relação alguma com o amor, ao contrario da mulher que normalmente precisa se sentir atraída pelo esteriótipo, o homem se apega ao ato em si. “Claro que o visual estimula, mas o fetiche é uma coisa que não tem rosto,” finaliza Dra. Stany.








credito: Pâmela Lorentz

Matheus Molina iniciou sua saga de filmes eróticos quando ainda tinha 15 anos de idade.












Sexo frágil. Mas ousado.

Mulheres são maioria no consumo de artigos e produtos eróticos

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e sensual, 70% dos compradores das lojas de sex shop são do sexo feminino. Em Belo Horizonte, o setor, cada vez mais sofisticado, atrai mulheres que buscam os mais diversos produtos para apimentar a relação.
São lingeries sensuais, géis térmicos dos sabores mais diversos, óleos corporais, fantasias e diversos artigos de auto-erotismo. Se nem todos são voltados exclusivamente para o prazer feminino, quem vai as compras garante que o objetivo nem sempre é só agradar quem se ama.
“Fui pela primeira vez a um sex shop por curiosidade. Comprei apenas produtos que eu poderia usar sozinha, porque tinha vergonha do que meu namorado poderia pensar de mim”, confessa a estudante Laura Gomes, de 19 anos. Ela conta que, hoje em dia, os dois se divertem com os artigos, mas só ela continua a escolher quais vão ser as novidades do casal.
“Sou eu quem vai à loja, sempre. Ele adora, mas, se eu for depender dele para fazer as compras, as únicas aquisições vão ser fantasias de enfermeira ou um gel lubrificante que eu poderia comprar na farmácia. Nós mulheres somos melhor na hora de imaginar e seduzir”, garante.
Para o cientista da computação Anderson Matos, há outra explicação para a maior prevalência de mulheres no setor que movimenta, no Brasil, mais de R$700 milhões, a cada ano. “Homens costumam ter medo de entrar nessas lojas. É um tabu mesmo. Alguns acham que ir ao sex shop é uma forma de dizer ao mundo que são incompetentes sexualmente”, pondera.
Para ele as mulheres são diferentes, porque buscam formas de se obter prazer. “Os homens se satisfazem com muito menos. O sexo, para os homens não precisa necessariamente, deste tipo de comércio, relacionado ao sexo. Por isso, alguns ficam na monotonia se a parceira não ousar”, opina.





Credito: Estefania Mesquita

AIDS tem maior incidência feminina e gay entre os jovens

As estatísticas mais recentes sobre a AIDS no Brasil mostram que a epidemia, na década de 2000, manifesta-se de forma diferente entre os jovens. De maneira geral, a maior parte dos casos está entre os homens, sendo que a principal forma de transmissão é a heterossexual. Considerando a faixa etária de 13 a 19 anos, a maior parte dos registros da doença está entre as mulheres. Entre os jovens de 20 a 24 anos, os casos se dividem de forma equilibrada entre os dois gêneros. Para os homens dos 13 aos 24 anos, a principal forma de transmissão é a relação homossexual.
Inúmeros fatores podem ser levados em conta na questão dos jovens adquirirem a infecção do vírus HIV. No caso das meninas, as relações desiguais de gênero e o não reconhecimento de seus direitos, são algumas dessas razões. As mulheres ainda se sentem inferiores durante uma relação sexual, como por exemplo, a vergonha de pedir ao parceiro que utilize a camisinha. Desta maneira, ficam vulneráveis a contrair várias doenças sexualmente transmissíveis e até mesmo uma gravidez indesejada.
Em relação aos jovens homossexuais, falar sobre a sexualidade é ainda mais difícil. De acordo com Mariângela Simão, diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, “eles sofrem preconceito na escola e, muitas vezes, na família. Isso faz com que baixem a guarda na hora de se prevenir, o que os deixa mais vulneráveis ao HIV”.
Devido a essa realidade, o Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres iniciaram a Campanha de Prevenção e Enfrentamento a AIDS no Carnaval 2010 com mensagens direcionadas para esse público. A campanha foi lançada no dia 06 de fevereiro sábado de carnaval, na Vila Olímpica da Mangueira, Rio de Janeiro, pelo Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, com o intuito de incentivar o uso do preservativo entre os jovens.
Utilizando o slogan "Camisinha. Com amor, paixão ou só sexo mesmo. Use sempre." e como garoto-propaganda um preservativo com a voz da atriz Luana Piovanni, a idéia foi estimular o sexo seguro e diminuir as taxas de infecção, principalmente, entre as meninas e homens gays dessa faixa etária durante a folia. Segundo o Ministério da Saúde, no carnaval deste ano, foram distribuídos gratuitamente 55 milhões de preservativos em todo o país.
Há dez anos os jovens vêm sendo tema de campanhas desenvolvidas pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Além do Carnaval, ocorrem também ações dirigidas para esse público em outras festas populares como as paradas gays, carnavais fora de época e outras festas que possuam um número elevado na participação contendo essa faixa etária.
De acordo com estatísticas realizadas pelo Ministério da Saúde, o aumento de casos de Aids entre as mulheres se deu em todas as faixas etárias, mas principalmente entre as jovens de 13 a 19 anos. Considerando essa faixa etária, observamos que entre o ano 2000 e junho de 2009, foram registrados no Brasil 3.713 casos de Aids em meninas dessa idade (60% do total), contra 2.448 meninos. Nos jovens de 20 a 24 anos, há 13.083 (50%) casos entre elas e 13.252 entre eles. No grupo acima de 25 anos, os números se invertem claramente 174.070 (60%) do total (280.557) de casos são entre os homens.

Em 2007, levando em conta a mesma faixa etária de 13 a 19 anos, há mais casos de transmissão de Aids entre os meninos, através de relação homossexual sendo 39,2% do que a relação heterossexual 22,2%.
No ano passado o Ministério da Saúde realizou a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira, com mulheres entre 15 e 24 anos. 64,8% das entrevistadas eram sexualmente ativas, dessas apenas 33,6% usaram preservativos em todas as relações casuais. Nos homens, 69,7% dos entrevistados eram sexualmente ativos, onde 57,4% afirmaram ter usado camisinha em todas as relações com parceiros ou parceiras casuais.
Para ajudar nas ações de prevenção à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, os ministérios da saúde e educação se uniram e criaram em 2003 o programa Saúde e Prevenção nas Escolas - SPE. O seu objetivo é desenvolver estratégias para reduzir as vulnerabilidades nos adolescentes e jovens. Atualmente participam do programa 50.214 escolas de todo o país.


Texto: Pâmela Lorentz
Estefania Mesquita
Roberta Prates

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