sexta-feira, 7 de maio de 2010

Museus na Era Digital

Projeto promete que visitantes conheçam acervos artísticos, com apenas um clique no mouse




Carla Sandim, Célia Corsino e Rodrigo Coelho.


Você já imaginou conhecer museus que estão a quilômetros de distância? O projeto Era Virtual promete trazer para perto de todos acervos artísticos até então disponíveis apenas para quem fosse até o espaço físico em que eles estão instalados. A Era Virtual, criado pela empresa Empório de Relacionamentos Artísticos, é uma iniciativa que reúne 12 museus brasileiros para uma apresentação online, das exposições e dos objetos que fazem parte da história destes locais. O objetivo do projeto é que qualquer pessoa adentre os espaços e conheça os detalhes das exposições, que têm excelente desempenho tecnológico, e tudo isso de maneira gratuita. “Queremos ampliar o alcance sociocultural dos museus que fazem parte do projeto,” observam os idealizadores, Carla Sandim e Rodrigo Coelho.


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 92% da população brasileira nunca visitou galerias de arte ou museus. A proposta é que a “tecnologia possibilite que o internauta interaja de forma significativa com as peças e com a visita”, ressalta Carla Sandim. Para a idealização do projeto, os acervos e seus objetos foram filmados e fotografados de diversos ângulos e em alta definição, como explica a museóloga e curadora do Era Virtual, Célia Corsino, que participou ativamente na escolha e captação dos museus. “Fizemos contatos com todos os diretores para a efetivação do projeto”. A concepção desta ideia contou ainda, com o apoio das Leis Federal e Estadual de incentivo à cultura.


Ao acessar o site, o visitante terá a sensação de estar dentro do museu, com direito a uma visão de 360 graus e um guia virtual em quatro línguas. O guia acompanhará o visitante por todos os pontos. As setas do teclado serão utilizadas para navegar, ícones da tela para aproximar e ainda, mapas informarão a localização. As obras dos museus participantes poderão ser ampliadas e visualizadas com apenas um clique. Elas contarão, ainda com textos explicativos referentes a cada obra e setor. “Você vai poder clicar em um objeto do Museu do Oratório em Ouro Preto, abrir o oratório e ampliar a peça em muitas vezes. São detalhes, que você talvez nunca observasse a olho nu”, afirma Rodrigo Coelho. A viagem possibilita ao visitante acessar as peças de maneira quase real. Detalhes como os citados anteriormente por Rodrigo proporcionam uma melhor percepção ao visitante online do que o real, ou seja, no local. Para Wandisson Peres, estudante de Medicina Veterinária da FEAD que teve a experiência de navegar pelo site do projeto pela primeira vez, o fascínio e a praticidade chamaram a atenção. “O projeto Era Virtual veio para acrescentar cultura em nossas vidas. Estudo todos os dias e nos finais de semana quero descansar, mas é sempre bom aprender”, observa o estudante. O estudante conta ainda que, por meio do site, conheceu acervos do Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. “Tive a oportunidade de conhecê-lo e tudo isso sem sair do meu quarto, me cansar e gastar nenhum dinheiro”.


O site http://www.eravirtual.org/ funcionará como uma vitrine da museologia brasileira para o Brasil e o mundo, e promete atrair turistas de todas as partes. Segundo Célia Corsino, a ideia é que em 2013, quando acontecerá a 23º Conferencia Geral do Conselho Internacional de Museus, no Rio de Janeiro, esteja pronta uma “plataforma de um mosaico” de museus brasileiros para exibir a todos estrangeiros. A ideia é mostrar como anda o estado da arte da museologia nacional, afirma Célia Corsino.

Conheça abaixo a lista dos museus participantes:
Museu de Artes e Ofícios – Belo Horizonte – (MG)
Museu do Oratório – Ouro Preto - (MG)
Museu Nacional do Mar – São Francisco do Sul (SC)
Casa de Cora Coralina – Goiás – (GO)
Museu Victor Meirelles – Florianópolis – (SC)
Memorial Tancredo Neves - São João Del Rei – (MG)
Museu de Ciências Naturais PUC Minas – Belo Horizonte – (MG).
Museu do Homem do Nordeste – Recife – (PE) em fase final de negociação.
Museu Abílio Barreto – Belo Horizonte – (MG).
Museu Guimarães Rosa – Cordisburgo - (MG)
Museu Casa Guignard – Ouro Preto – (MG)
Museu do Diamante – Diamantina – (MG).

E vêm mais novidades por ai...

É bom ficar atento, porque segundo os idealizadores nos próximos meses novidades serão divulgadas, como a casa do Chico Xavier na cidade de Uberaba, Minas Gerais, que também fará parte da lista. Segundo Rodrigo Coelho, serão inseridos mais treze acervos artísticos pelas Leis Federais de Incentivo à Cultura e sete pelas Leis Estaduais. O Museu Guimarães, localizado na cidade de Cordisburgo que já está na lista, oferecerá outras atrações. Quem visitar o Guimarães Rosa on-line vai conferir crianças recitando poemas como: Grande Sertão Veredas, Manuelzão e Miguilim. O visitante poderá ainda, passear pela cidade e adentrar a “venda” do Senhor “Fulo”, Floduardo Pinto Rosa, pai do escritor João Guimarães Rosa.


A internet como comunicação e educação

Com o avanço do domínio World Wide Web, mas conhecido com WWW, nos anos 90, o uso da internet de lá para cá vem se tornando cada dia mais convencional entre a população brasileira. O setor é o mais concorrido da internet, diversas empresas têm criado home pages ou sites, para divulgar e informar sobre os produtos e serviços disponíveis. No entanto, cidadãos comuns, isto é, pessoas que não exercem atividade comercial, também fazem uso desse meio para diversos outros fins. Há quem use para se divertir, se comunicar, trabalhar e adquirir conhecimento, pesquisando e conhecendo sobre diversos assuntos.


O uso da internet por artistas vem se tornando cada dia mais frequente para divulgação dos seus trabalhos e para fazer sua própria promoção. Um bom exemplo disso é o site www.artistasvisuais.com.br que possui uma listagem de vários artistas. Ao clicar no nome que se tem interesse, o internauta terá acesso às obras e às descrições de seu ídolo cadastrado. Além das vantagens de divulgação para os membros, o site possui textos informativos sobre museus e lançamentos não só brasileiros, mas mundiais. Para fazer parte do site, o artista deve fazer um cadastro e postar imagens de suas obras. A criação de um site na internet não substitui as outras formas tradicionais de divulgação. Segundo o produtor cultural da Rádio Guarani e dos Diários Associados, Kiko Ferreira, a internet vem para somar. “O pessoal fala da força da internet, mas, no fundo, todo mundo quer ver sua resenha no jornal, seu disco na loja, seu clipe na MTV, aparecer no Faustão e ouvir sua música tocar no rádio”, ressalta o produtor. A tecnologia e a praticidade oferecida pela internet permitem um contato imediato e fortalece a imagem do produto oferecido. No entanto, ela deve ser uma aliada, um diferencial.


Outro uso frequente que vem sendo feito da internet tem a ver com os próprios museus que, em seus sites, promovem uma pequena mostra das novidades que estão ocorrendo no ambiente interno do museu, tudo isso como forma de atrair a atenção e o interesse do público. O estudante de Teologia, Bruno Frade diz que o uso da internet pelos museus é bem proveitoso. “Todas as vezes que tenho vontade de visitar algum museu, entro no google e localizo os sites dos museus mais próximos, pesquiso o que está acontecendo de novidade e aproveito para saber os preços das exposições”, conta o estudante.


Um novo olhar sobre a arte


“Expressão de um ideal de belezas nas obras humanas: obra de arte. Conjunto das obras artísticas de país, de uma época.” É assim que. o Dicionário Aurélio online define a palavra arte. No entanto, a expressão vai mais além, ultrapassando fronteiras e conceitos pré-estabelecidos. Atualmente, há uma relação que mantém a arte e a mídia ligadas entre si. Autores como Arlindo Machado discursam sobre a artemídia. Para ele, a artemídia é mais que a mera utilização de câmeras, computadores e sintetizadores na produção de arte, ou a inserção da arte em circuitos de massa como a internet e a televisão. “A artemídia dá uma nova função para os aparatos tecnológicos”.
A autora Anne Cauquelin, em seu livro Arte Contemporânea (2005), propõe um pensamento sobre a própria arte, a arte atual e a contemporânea, tão em voga no momento. Anne Cauquelin afirma que a arte atual não tem preocupação em distinguir tendências ou rótulos. Já a arte contemporânea não busca o novo, nem o espanto e sim propõe às pessoas o estranhamento e o questionamento na leitura das peças e obras. Na arte atual, sem limites, tudo pode ser considerado arte, já que a expressão e a interpretação trabalham com o sentimento do inusitado. Um exemplo de que tudo pode ser considerado manifestação artística, foi um fato inusitado que ocorreu na 25.º Bienal de São Paulo em 2002. No evento considerado um dos mais importantes do país, um jovem estudante invadiu a Bienal, com um quadro de autoria própria e o pôs em uma das salas, como se o objeto fizesse parte da exposição. O fato não foi notado, e ficou lá por aproximadamente dois meses.

Para o jornalista e professor universitário, Luciano Andrade, a arte é qualquer atividade que envolva a criação de sensações com o objetivo estético. “Esse trabalho precisa vir carregado de vivência pessoal e, por causa disso, é único, impossível de ser multiplicado”, explica Luciano.


Mais informações: http://www.eravirtual.org/



Patrícia Medeiros, Paula Loureiro, Priscila Alcântara e Thaís Rezende.

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