domingo, 9 de maio de 2010

Oncoterapias

Tratamentos que se unem por um só bem: a cura do câncer

Por Fernanda Carvalho

A comerciante autônoma Rosa Helena Caixeta descobriu que tinha câncer de mama a partir de um auto-exame. A doença não apresentava sintomas aparentes. Depois da constatação do tumor, ela se submeteu a uma mastectomia radical da mama esquerda, que consiste na retirada da glândula mamária, associada à retirada dos músculos peitorais e a dissecção completa da axila.

De acordo com a presidente da sociedade brasileira de cancerologia (SBC), Ana Alice Vieira Barbosa, a primeira etapa de um tratamento oncológico geralmente é a cirurgia. O paciente é submetido a uma biópsia, na qual se colhe uma amostra de tecidos ou células para análise da doença e, se for possível, o tumor será retirado. Após o procedimento cirúrgico o paciente é avaliado e indicado a um tratamento adjuvante, que será necessário para diminuir o risco da doença reincidir.

Rosa passou por seis seções de quimioterapia. O tratamento consiste na utilização de compostos químicos que afetam as células, acarretando maiores danos às malignas. Ela fazia exames preliminares a cada 15 dias, para testar a imunidade. “Meu tratamento foi tranqüilo. Não tive nenhuma reação extrema, como queda de cabelos, vômitos ou internações”, conta a comerciante.

Além da quimioterapia, a radioterapia também é utilizada como tratamento adjuvante. Ela consiste na aplicação, por um determinado tempo, de uma radiação pré-calculada em um volume de tecido que engloba o tumor. O objetivo da radioterapia é semelhante ao da quimioterapia: destruir as células tumorais, para que elas não possam se multiplicar novamente. “Tem a imunoterapia também. E, atualmente, tem os anticorpos monoclonais, as terapias ortomoleculares, que já são uma coisa mais moderna. Elas geralmente não são feitas sozinhas: são associadas à quimioterapia a fim de aumentar o efeito”, explica a cancerologista.

A mudança em alguns hábitos pode ser essencial durante os vários tipos de tratamento. A médica Ana Alice Barbosa explica que é importante ter uma boa hidratação, procurar se alimentar bem, evitar entrar em contato com infecções e fazer o tratamento nas datas corretas. “Muitas coisas não dependem dos pacientes, como os efeitos colaterais. Então, nós, como médicos, vamos dar um suporte a ele. Se é uma medicação que causa vômitos, nós vamos dar medicamentos contra náuseas, contra vômitos”, exemplifica. “E pedir o paciente pra seguir da melhor maneira possível, porque muitas vezes ele tenta se alimentar bem, mas não consegue, porque ele fica inapetente”.

Rosa Helena conta que, durante o tratamento, comia mais vezes ao dia e em menos quantidade. “Eu comia mais frutas e verduras, sendo colocadas por meia hora no vinagre antes de ingeridas”, explica. Segundo ela, o que a ajudou muito durante o tratamento, foi uma receita caseira de chá de manjericão sem açúcar, sempre dois dias antes da quimioterapia. “Enquanto outros que passavam pelo mesmo tratamento tinham que ser internados, eu ia ao shopping, sem nenhum efeito colateral”, conta.

Para aumentar a eficácia, os pacientes oncológicos podem receber tratamentos de diversas áreas da saúde. A nutrição é um importante fator auxiliar a esses procedimentos médicos. Segundo a nutricionista Gerusa Brandão, o paciente com orientação nutricional tem menos infecções, fica menos tempo internado, tem melhor qualidade de vida, melhor disposição, e menos sintomas como náuseas, vômitos, diarréia e constipações intestinais, causados pelo tratamento.

De acordo com a nutricionista, cada vez mais a alimentação tem sido analisada como importante fator em um tratamento por profissionais de diferentes áreas. Isso por que esse suporte está diretamente relacionado a melhores resultados. “Quando o assunto é câncer, existem algumas controvérsias. Alguns estudos discutem o fato de a nutrição poder estimular o crescimento tumoral”, alerta. “Porém, acredito que a alimentação de forma adequada e equilibrada, em todas as fases do tratamento, permite que o organismo se sinta mais fortalecido, melhore a imunidade, mantenha o peso ideal, além de permitir uma maior tolerância aos tratamentos e aos possíveis efeitos colaterais”.

O sucesso do tratamento oncológico depende de uma união entre diversos fatores. A boa nutrição, por exemplo, não pode, segundo a nutricionista, ser considerada como alternativa principal para o tratamento curativo do câncer. “No que se diz respeito à prevenção, podemos sim, levar em consideração hábitos alimentares saudáveis, incluindo na nossa alimentação os alimentos funcionais”, adverte.

O lado alternativo

Como já dizia a Psicologia da Gestalt desde o princípio do século XX: o todo é mais do que a simples soma das partes. Para o holismo, essa mesma teoria se aplica: as propriedades de um sistema, quer se tratem de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicadas apenas pela soma de seus componentes. Na explicação do câncer e em seu tratamento, essa mesma idéia se aplica, em todas as etapas.

De acordo com a terapeuta holística, Vilma de Oliveira, nós somos divididos em quatro corpos: o físico, o mental, o astral e o respiratório, ou vital; e o câncer é o maior desequilíbrio dessas quatro partes. Cada uma dessas divisões, segundo a medicina chinesa, é representada por quatro elementos: metal, água, fogo e ar; e o que comanda esse movimento, o que equilibra, é o elemento terra. “Então quando tem esse desequilíbrio, você tende a cair no campo. As células irregulares começam a destruir as outras células”, explica.

Para a terapeuta holística, as principais causas emocionais do câncer são a tristeza e a mágoa. “É lógico que vai ter um monte de fatores ambientais que vão justificar o aparecimento da doença, como radiação e alimentação deficiente”, afirma. “Mas se não tiver a tristeza e a mágoa, o câncer não se desenvolve”.

Assim como na teoria Psicológica da Gestalt, o tratamento holístico não trata da doença, mas sim do indivíduo, do seu reequilíbrio como um todo. O meio depende dos diferentes tipos de sintomas que o paciente irá apresentar. “Meu tratamento é completamente voltado para a pessoa, não só no psicológico, como também no físico. Se não tiver desestrutura física, a pessoa não chega a ter a doença”, afirma a terapeuta. “Esse tratamento é feito com homeopatia, em primeiro lugar, e também com ortomolecular”.

O princípio fundamental que rege a homeopatia é a lei da similitude: semelhante cura semelhante. Dessa forma, uma vez conhecidos os sinais e sintomas do paciente, torna-se possível medicá-lo com algo pelo qual demonstre semelhança. Já o tratamento ortomolecular (orto=certo, molecular=moléculas – acerto das moléculas) tem o objetivo de re-estabelecer o equilíbrio químico do organismo, através de substâncias e elementos naturais, sejam vitaminas, minerais ou aminoácidos.

“O diagnóstico, eu faço a partir da iridologia e sempre procuro acompanhamento médico: acompanho os exames do paciente e mando análises para os médicos. Nunca faço o tratamento sozinha”, explica a terapeuta holística.

Para a ex-paciente oncológica, Rosa Helena Caixeta, o mais importante durante o período de tratamento é o calor humano. “Foi um período de muita reflexão. Voltei mais para os valores espirituais, coisas que até então não valorizava tanto”, comenta. Ela aconselha às pessoas que têm a doença, que cuidem da auto-estima e que aceitem a doença. “Pois nada acontece por acaso. É importante encarar a realidade, não desesperar e fazer daquele período um aprendizado”, reflete. “E evitar mágoas, depressão, stress e má alimentação”.



Um comentário:

  1. Sua matéria está muito boa. Além de que, hoje, aprendemos muito com ela. Vida que segue! Faça as correções apontadas e mande ver. 23/25

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