segunda-feira, 10 de maio de 2010



ESPAÇO TIM UFMG DO CONHECIMENTO
UMA NOVA VISÃO CULTURAL

Por Layon Araújo e Bruna Isabela

Belo Horizonte se torna referencia nacional em conceitos de investimentos em infra-estrutura e obras sociais, que multiplicam a cidade, fornecendo um novo padrão físico e cultural para os mineiros. A criação do Circuito Cultural Praça da Liberdade, uma parceria entre o governo e instituições privadasdesperta grande interesse na sociedade.
O Espaço proporciona a população, não só de Belo Horizonte mas de todo o Estado, cultura e entretenimento de alta qualidade. Reunindo num espaço bem localizado, Praça da Liberdade, o novo Centro Cultural caracteriza-se pela modernização arquitetonica dos antigos prédios públicos que circundam a praça, transformando-os num moderno conjunto cultural. O Circuito conta com adjuntos tecnológicos agregados a vertentes da pré-história aos dias atuais.

Composto por dez equipamentos culturais sem contar o próprio Palácio da Liberdade, dentre eles estão:Espaço TIM UFMG do Conhecimento; Museu das Minas e do Metal; Memorial de Minas Gerais Vale; Centro de Arte Popular Cemig; Centro Cultural Banco do Brasil; e o café, que está sendo construído entre o Museu Mineiro e o Arquivo Público Mineiro.

O Espaço Tim UFMG do Conhecimento inaugurado pelo governador Aécio Neves, no dia 21 de março, teve sua arquitetura desenvolvida pela renomada arquiteta Jô Vasconcelos e pelo museógrafo Paulo Schimidt.
O antigo prédio da reitoria da UEMG dá espaço a um dos maiores projetos do Circuito Cultural, o Espaço Tim. Esse conta com um prédio de cinco andares, distribuidos entre planetário ,observatório astronômico, abriga ainda três andares de exposições e será palco de oficinas e palestras, voltadas principalmente para o público jovem.
O investimento aplicado no Circuito Cultural foi de aproximadamente R$90 milhões. Segundo o secretário-adjunto de Estado de Cultura e gerente executivo do Circuito Cultural Praça da Liberdade, Estevão Fiuda, essa verba potencializa as oportunidades de desenvolvimento cultural, de geração de emprego e renda para a cadeia produtiva da cultura, na capital mineira, e com reflexos positivos para todo o Estado.
Segundo a curadora do Espaço, Patrícia Kuak “A ideia é proporcionar ao visitante uma atitude de perplexidade. Queremos que ele, pela interatividade, assuma uma dimensão ativa no processo de apreensão do conhecimento”. A exposição inaugural é Demasiado Humano, título inspirado na obra do filósofo alemão Nietzsche,se divide entre os espaços:Origens, Vertentes e Águas. O primeiro mostra o surgimento do Homem, desde o Big Bang até o primeiro registro da presença humana no planeta e na América Latina.

A segunda parte explora a dimensão simbólica e social do homem, enquanto a terceira foca nas relações com o planeta e as questões ambientais da atualidade. A exposição terá duração média de dois a três anos. Sabemos que ao visitar um museu, amostras ou eventos do gênero não devemos tocar em nada e até mesmo manter uma certa distância dos objetos, para assegurá-los.

No Espaço Tim UFMG do Conhecimento a proposta é diferente.Aqui, as pessoas interagem em tempo real com o maquinário, fazendo parte da própria exposição. Os aparelhos feitos com tecnologia 3D, disponibilizam aos visitantes seu manuseio e a forma como serão executados depende da criatividade de cada um. " Tem dinossauro que se movimenta e jogos como se fosse de play station. É bem divertido, conheci muitas coisas do tempo da pré-história até os dias de hoje. O que eu mais gostei foi o joguinho de reciclagem, que movimenta em 3 D" enfatiza o estudante de 12 anos do Colégio Batista, Arthur Deschamps.

Um dos objetivos da criação de um espaço aberto integrando vários equipamentos cultural é a promoção da educação e do conhecimento para a população. Para a auxiliar administrativa frequentadora da praça no horário de almoço, Rosângela de Oliveria costa, essa iniciativa favoreçe muito a educação. " Precisamos incentivar desde cedo as crianças a trabalharem com a cultura tanto na fala quanto na escrita educando as idéias.

O Circuito Cultural vai contribuir muito para melhorar a educação, comenta.O Espaço Tim UFMG do Conhecimento está aberto a visitações públicas, de terça a domingo, das 11 às 17h, com entrada franca até as 16:00. As apresentações no planetário acontecem às 11:30, 13h,14h,15h. E teram duração de 40min.


Museus

Com incentivos, Belo Horizonte hoje dispõe de varias atrações culturais como teatros, cinemas e museus. Um dos estímulos dado pelo governo de Minas juntamente com parcerias, foi a criação do Circuito Cultural que conta com muitos espaços direcionados ao lazer, educação e cultura. A criação do espaço cultural localizado na Praça da Liberdade tem como um dos objetivos, ocuparem os prédios das secretarias do estado, que já muitos estão ficando vazios pela mudança que a criação do Centro Administrativo acarretou.

O circuito que conta com seis espaços destinados a cultura acaba de ganhar mais um. O ex-governo de Minas, Aécio Neves, anunciou em março deste ano, a criação d e mais um espaço destinado ao homem brasileiro. Segundo o ex-governador é importante que a sociedade conheça onde tudo começou. “O Museu do Homem mostrará onde começamos a nossa história e nos inspirar nela para construir o nosso futuro. Falo sempre que triste da sociedade que não conhece a sua história, pois ela tem muito mais dificuldade para construir o seu futuro”, e relata ainda, que neste espaço será uma espécie de ponto de encontro.

O espaço contará com uma diversidade étnica e cultural dos brasileiros, como os convivem e suas relações com a historia, ciência, futuro e a cultura. Além de toda a tecnologia com ambientes interativos e virtuais. O museu do Homem brasileiro também poderá ajudar os estudantes a fazerem pesquisas em varias áreas, mas isso tudo com a ajuda de profissionais em diversos campos como antropologia, genética e sociologia, entre outras. “O museu do homem só poderia ser em Minas porque em Minas foi onde o Brasil enquanto nação surgiu. O Brasil só é o que é hoje por causa de Minas”, relata o sociólogo Sérgio Besserman.

Segundo informações obtidas pelo Circuito, o prédio que abrigará o museu do homem foi sede da Secretaria de Viação e obras, depois da Secretaria de Obras publicas e atualmente abriga o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. O prédio foi construído entre 1985 e 1987e sua decoração ficou por conta do pintor Frederico Antônio Steckel.


Espaços culturais

A cidade de Belo Horizonte respira cultura, seja ela em exposições, apresentações com peças de teatros, museus, festivais, shows etc... Além dos espaços reservadas a essas demonstrações culturais, a capital que é conhecida mundialmente por seus bares, também esta ganhando espaço no campo de grandes eventos musicais. Alguns deles acontecem todo ano, no mesmo local e sempre nos mesmos meses.

A cada ano que passa novas casas de shows e espaços destinados á música, ganha BH, como Chevrolet Hall, o Music Hall entre outros. Mas há também manifestações artísticas realizados em ruas, parques, espaços públicos e a maioria deles gratuitos. Segundo o estudante, Carlos Alberto, o incentivo á cultura é dada de varias formas, seja ela na escola , fora dela, ou mesmo patrocinada pela rádio que ele gosta, é uma forma de levar cultura e educação muitas vezes á quem não tem condições. “É muito bom ter eventos de musicas gratuitos, ainda mais se for da banda que gosto”, relata o estudante Carlos Alberto.

Segundo informações da Belotur, festivais que são gratuito como Encontro de literatura, festival Internacional de Arte Negra, Concertos no Parque, entre outros, são opções de cultura ao alcance de todos. “Tem muita coisa interessante, muitas vezes a gente não vai por achar que, por ser barato é ruim e não é, o concerto no parque municipal e muito bom e é de graça, afirma Suzan Caren, estudante de Direito.

Um dos eventos musicais que não pode sair de forma alguma do calendário dos mineiros é o “Axé Brasil Extra” que acontece todo ano, no mês de abril no Mineirão. Este ano os foliões do “carnaval fora época”, tiveram um motivo a mais para não deixar de comparecer ao evento, é que o estádio fechará para reforma da Copa do Mundo de 2014. Sendo assim, um novo espaço já esta sendo estudado para receber milhares de micareteros. Segundo a estudante Pámela Stephanie, vai ser difícil acostumar a ver seus artistas preferidos em outro local. “ Já estamos acostumados a sempre vim pra cá, mas sabemos também, que essa mudança é por um bom motivo”, relata.

ROCK BAR BH



As noites de Belo Horizonte são bem agitadas para aqueles que têm pique e que gostam de uma boa cervejinha. A capital tem a maior relação bares por habitante no Brasil. E claro que, dentro dessa diversidade, não poderia deixar de oferecer espaços cujo “prato principal” é o bom e velho rock and roll.
Algumas casas são, tradicionalmente, consideradas pontos de encontro entre pessoas com gostos em comum. Desde as que matam a saudade dos bons tempos do rock quanto as que não viveram a época, mas que apreciam o som de bandas que entraram para a história. O Fundo do Baú, por exemplo, abriu as portas em 1996 para atender esse tipo de público. A casa localizada na zona sul de Belo Horizonte tem como principais atrações as bandas que, de quinta a sábado, revisitam o melhor do rock dos anos 50 aos 80.
A fisioterapeuta Danielle Anderson, 35, frequenta o Fundo do Baú desde que foi inaugurada. O gosto pelo rock foi influência da mãe que curtia Genesis, Beatles, Elvis Presley e Rolling Stones.
Para Danielle, o espaço para o rock em Belo Horizonte diminuiu porque os empresários optaram em abrir casas com ritmos mais populares. E quando questionada sobre o preço, a fisioterapeuta considera justo o que é cobrado pelos artistas, no entanto, reclama da infra-estrutura e do serviço oferecido por algumas casas noturnas. “Infelizmente, temos que nos sentar em cadeiras duras, o som é ruim, o banheiro é sujo, a porção vem congelada, a cerveja é quente”, disse Danielle.
Com quase vinte anos de carreira, a banda Cia Supertramp é uma das atrações mensais do Fundo do Baú. Originalmente, Supertramp é um grupo inglês que nasceu no final da década de 60. Já a cover, Cia Supertramp, foi formada em 1991. O tecladista Fernando Rennó destaca que, mesmo depois de tanto tempo, as músicas não envelhecem porque têm qualidade. “Existe uma riqueza nestas músicas, uma pesquisa de sonoridade, de instrumentos, enfim, um investimento que não existe nas música que passam, músicas do momento”, justificou Rennó.
Outro espaço especializado em rock bar é o Stonehenge, no Barro Preto. O local está aberto há 10 anos e recebe um público variado tanto em faixa etária quanto em perfil sócio-econômico. As principais atrações da casa são as bandas Seu Madruga, cover de AC DC, Mercedez Band, cover de Janis Joplin e também Concreto e Somba, que têm trabalhos autorais.
Overdoors é outra banda que faz parte do “cardápio” musical do Stonehenge. Integrante do conjunto, o baterista Bruno Aguiar, 28, trabalha exclusivamente com música. Para sobrevier, toca também nas bandas Magma e no The Doors Cover. Para o engenheiro e frequentador do Stonehenge, Hermes Lavorato, 28, o local é sinônimo de rock e disse que quando está no “Stone” se sente em casa.
Rodrigo Souza, 27, um dos sócios do estabelecimento, se mostrou profundo conhecedor do estilo musical mais popular do planeta. Ele destacou aspectos históricos do rock e ressaltou que o ritmo influenciou e influencia o jeito de vestir, o comportamento e a visão política e social das pessoas. Como exemplo da busca pela liberdade de expressão, Rodrigo citou o lendário festival de Woodstock, realizado em 1969, nos Estados Unidos. “Tem uma brincadeira, tanto dos funcionários quanto dos frequentadores que, o Stonehenge, é o buraco de rock and roll mais tradicional de BH. Isso quer dizer que é, realmente, o bar camisa preta”, definiu o empresário.
Além do Fundo do Baú e do Stonehenge, as bandas de Belo Horizonte que têm como repertório o rock antigo, são cativas nos palcos do Pau e Pedra, Jack Rock Bar, Lord Pub, Garage D’ Casa, Hard Rock Café, entre outros. Vale lembrar também que, além dos bares com música ao vivo, existem boates que personalizam seu público de acordo com o estilo que é tocado em cada dia da semana. Como exemplo, temos a Demodée, no bairro Cidade Jardim. Às sextas-feiras é de rock, a pista fica agitadíssima com o DJ Gustavo Matos.


Rock no Brasil

Quando Bill Halley iniciou a contagem progressiva em Rock around the clock, no início dos anos 50, talvez não soubesse a relevância cultural do ritmo que estava nascendo. O rock and roll, filho do blues e do country, teve como berço os Estados Unidos da América. Ali, se popularizou e provocou uma verdadeira revolução nos gostos e no comportamento.
O rock veio ao mundo com uma simplicidade que o tornava facilmente acessível. A harmonia era composta por três acordes tocados, basicamente, por uma guitarra, um baixo e uma bateria. A energia e a melodia das vozes completavam a mistura que tinham, como diferencial, um vigor nunca antes visto.
Os anos se passaram, o rock ganhou o planeta e astros viraram deuses. Elvis Presley foi o primeiro. Depois, foi a vez dos Beatles no início dos anos 60, na Inglaterra. O conjunto da obra do quarteto de Liverpool é considerado um divisor de águas na música pop mundial.
Com o passar do tempo, o rock foi subdividido: progressivo, punk, heavy metal e hard rock são alguns exemplos dessa segmentação e, em alguns casos de sofisticação. O rock é rebelde por natureza. Mas essa rebeldia, muitas vezes, transformou artistas em ídolos excêntricos.
Desprovidos de limites, alguns se martirizaram, encurtando a carreira e a própria vida.
De Chuck Berry a Judas Priest, de Creedence a Iron Maiden, de Little Richard a Guns n’ Roses, passando por The Doors, U2, Bob Dylan, Skid Row e a mais antiga de todas em atividade, os Rolling Stones. O rock trouxe um universo de sons, letras, harmonias, melodias e ritmos que o fizeram sobreviver à crise dos 30, dos 40 e dos 50 anos.
Vários são os estilos musicais que estão no vai-e-vem da onda imposta pelas gravadoras e endossada pelas emissoras comerciais de rádio e TV. Sertanejo, pagode, axé e funk carioca são exemplos de músicas amplamente tocadas na grande mídia e que se tornaram extremamente conhecidas para o grande público, nas mais variadas faixas de idade. Alheio a isso, o rock and roll sobrevive servindo também de inspiração para compositores de “outras praias” e DJs que, há algum tempo, usam a tecnologia para fabricar música.
Em 2009, os roqueiros de Belo Horizonte receberam um presente: a apresentação do guitarrista norte-americano Chuck Berry, no Chevrolet Hall. O artista que já passou dos 80 anos de idade é considerado o pai do rock and roll por ter criado os primeiros riffs de guitarra e clássicos como Johnny B. Goode e Rock and roll music.


Acredite! Os Beatles continuam vivos

Belo Horizonte sempre foi destaque no cenário musical como celeiro de diversas bandas de sucesso que alcançaram grande projeção nacional: Jota Quest, Skank, Sepultura, entre outros.
A capacidade de renovação de todos esses talentos tem que se aliar a criação para se manter vivo no cenário atual do Pop Rock. A tradição também se repete quando o assunto é a imitação da maior e mais importante banda de rock de todos os tempos: os Beatles.
Em Belo Horizonte existem cerca de 10 bandas covers dos Beatles, entretanto, apenas quatro dividem atualmente espaço nos palcos da capital. Elas tocam toda semana em casas noturnas momentaneamente transformadas em points de beatlemaníacos.
Glass Union, Sgt Pappers, Hocus Pocus e Anthology, arrastam fãs de todas as idades para relembrar os grandes sucessos da banda de Liverpool. Mas é a Hocus Pocus, a banda mais tradicional no quesito couver dos Beatles. Antes mesmo dos couvers existirem no Brasil, o grupo já faziam apresentações imitando o quarteto. Convictos de que o grupo inglês foi e é a melhor banda de rock mundial, tanto no quesito musical quanto comercial, os integrantes do Hocus Pocus ensaiam cerca de seis horas semanais para se apresentarem no Jack Rock Bar e no Scott bar.
Segundo Beto Arreguy, vocalista e baterista da banda Hocus Pocus, a alegria em tocar Beatles funciona até hoje porque a cada apresentação, o trabalho se alia à diversão e à paixão.
Os covers do quarteto de Liverpool não se cansam de ouvir o repertório de seus ídolos. Sempre que ouve os CDs, Beto Arreguy procura detalhes para aprimorar cada vez mais o som. “O produto Beatles é muito rico. Sempre há o que corrigir. O público é muito exigente, participa ativamente da comunidade virtual da banda e pede sempre coisas diferenciadas. Eles são o que podemos chamar de lado B dos Beatles”, afirma Beto.
Todos os anos, em Liverpool, é realizado um festival que homenageia os covers dos Beatles. Em 2000, duas bandas de Beagá, Sgt Peppers e Hocus Pocus, foram destaques no concurso. “Fiquei muito feliz de representar Belo Horizonte no cenário mundial, isso fez com que a banda crescesse profissionalmente”, relata Arreguy.

By Niarta Oliveira, Patrícia Belo e Thaís Fernanda Oliveira

CHACOTA MODERNA



Termo bullying surge para designar intimidações e provocações conhecidas há tempo, mas com postura agressiva e consequências drásticas para a vítima.


Por Daniel Ottoni, Adriana Ferreira e Ana Carolina Dias


É bem provável que você conheça alguém que tenha sofrido algum tipo de violência psicológica ou física na infância. Devido às características singulares deste tipo de prática na atualidade, a ação recebeu a denominação de bullying. “São condutas que aparecem de forma anti-social com agressões e intenção deliberada de intimidar, provocar, constranger, expor, ridicularizar, humilhar, difamar, excluir e maltratar. O agressor busca seu alvo com a intenção de ferí-lo no que ele tenha de mais sensível”, explica a psicopedagoga Vânia Rasuk.


Uma das especificidades do bullying é a agressividade gerada pela vítima, depois de repetidas e insistentes provocações, que variam de forma, conteúdo, local e público.


“Pesquisas recentes têm sinalizado que a escola é um ambiente propício para a prática do bullying, visto que agrega pessoas diferentes, com valores e condutas diversificadas. A escola tem sido um espaço onde esta prática é intensa e constante”, analisa Rasuk. “A escola passa a ser um ambiente ameaçador e o aluno rejeita frequentar as aulas”, aponta a profissional.


O bullying fere princípios constitucionais, como o da dignidade da pessoa humana. O Código Civil brasileiro determina que a vítima que sofrer ato ilícito causador de algum tipo de dano, deve ser indenizada. O Código de Defesa do Consumir também se enquadra no contexto, uma vez que as escolas são prestadoras de serviços e responsáveis pelo que acontece dentro das instituições de ensino.


"A prática dessa violência está presente em todas as escolas, particulares ou públicas. E o mais grave é que as pessoas não mensuram o dado dessa ação na vida dos alunos, principalmente quando a agressão é psicológica. Apelidos e preconceitos contra o físico do colega acontecem diariamente. Porém, os alunos que sofrem essa ação raramente fazer a queixa”, afirma a diretora de uma das escolas estaduais de Ribeirão das Neves, que não quis se identificar. “Quando a agressão é física, há uma interferência mais rigorosa da escola, levando até a expulsão desse agressor e o encaminhamento ao conselho tutelar. Já quando isso é feito de forma oral, muito embora também seja agressão, não há, quase sempre, uma punição determinada a esse aluno”, completa.

Uma boa forma de resumir o termo foi abordada pelo cientista sueco Dan Olweus, que define bullying de três formas: o comportamento é agressivo e negativo; o comportamento é executado repetidamente e o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

Existem duas formas de se praticar o bullying: uma direta, normalmente praticada por pessoas do sexo masculino. Neste caso, vítima e agressor se relacionam de forma direta, através de agressões físicas e verbais. No bullying indireto, a exclusão pode ser a forma mais apropriada de resumir este tipo de agressão. Neste caso, a vítima dificilmente se relaciona com os agressores, que denigrem a imagem do colega através da imposição de apelidos, exclusão dentro e fora da sala de aula e críticas que se espalham rapidamente por toda a escola.


O sofrimento para a vítima pode ser indescritível, apesar de invisível a olho nu. As vítimas, muitas vezes, têm uma grande vontade de ‘dar o troco na mesma moeda’. Em alguns casos, a retaliação excede qualquer limite (veja retranca no final da matéria).


O estudante de 7 anos Carlos Eduardo sofre com as brincadeiras dos colegas. "Eles inventaram um apelido porque sou gordinho. Eu não gosto quando me chamam de ‘rodela’. Mas não adianta nada ficar com raiva, porque eles continuam falando mais ainda. As minhas professoras falam que é pra eu não ligar pro que eles estão falando”, admite o garoto.


Nos dias atuais, a tecnologia tornou-se uma ferramenta de grande importância e ajuda para quem gosta de praticar o bullying. Orkut, Facebook, MSN e até Twitter são usados para divulgar os apelidos, ameaças e brincadeiras sem graça. É o chamado cyber bullying. Sua grande diferença é o anonimato dos agressores.


O silêncio por parte de quem sofre é um dos agentes que motiva a continuidade do ato agressivo. A criança, muitas vezes, tem vergonha de se manifestar e acabar, mesmo que de forma indireta, admitindo que sofre e se incomoda com as manifestações. A escola e os pais acabam não tendo conhecimento do fato, o que prolonga e aumenta o sofrimento da vítima.


Foi o caso do filho da tradutora Valéria Mendonça. Durante meses, seu filho mostrou um comportamento estranho, como isolamento, depressão e falta de apetite. “Somente com muita conversa, ele nos revelou as ameaças e agressões que sofria. Em uma das oportunidades, ele teve suas duas mãos colocadas dentro de um vaso sanitário. Os agressores o ameaçavam dizendo que ele sofreria mais ainda se denunciasse o caso”, lembra a mãe. Depois de várias consultas ao psiquiatra, o comportamento do garoto voltou ao normal.


Mariana Barbosa é estudante de Letras e estagiária de uma escola pública infantil. Ela comenta o que vê no seu dia-a-dia. “Eu não vejo muito esta prática nas salas de primeiro ciclo, entre 5 e 7 anos. Já com os alunos de 9 a 11 anos isso é mais comum. Ocorrem até agressões físicas. No curso de Letras, durante as aulas de psicologia, a gente recebe a orientação do que devemos conversar com estes alunos”, informa a estudante.


Apesar do medo dos alunos de procurar ajuda, é essencial que as vítimas do bullying manifestem sua situação. Além da punição para os infratores, é necessário que um acompanhamento psicológico seja feito com a vítima. O agressor também necessita de cuidados psicológicos. “É importante ressaltar que o agressor apresenta um desvio de conduta evidente”, comenta Rasuk.


Uma situação como esta pode durar meses ou até anos. O caso mais comum é a mudança da criança para outra escola, em busca de novos contatos. Mas há a possibilidade do problema ser encarado, quando o fato é de conhecimento público. As consequências do bullying são desastrosas, quando as escolas se negam a reconhecer o problema: “algumas delas são a evasão escolar, ambiente tenso, indisciplina, e queda na qualidade do ensino”, pontua a psicopedagoga.


Rasuk aponta ainda algumas propostas que as escolas podem realizar como precaução. “Fazer trabalhos (de qualidade) preventivos de forma dinâmica e interativa envolvendo o corpo docente, discente e a família e tornar pública a filosofia do trabalho, reafirmando os valores da ética e da moral são algumas idéias”, aconselha.


A adaptação e o medo de sofrer um novo bullying são alguns dos obstáculos que a criança terá que superar. O apoio da família em um momento como este pode ser o fator diferencial para uma evolução e uma formação mais apropriada da personalidade. Em casos de insucesso, a criança pode ser tornar insegura, medrosa e facilmente influenciável, principalmente em uma situação de pressão, cobrança e responsabilidade.



BULLYING INTERNACIONAL


A dificuldade em aceitar este tipo de agressão já rendeu tragédias. Em países como Estados Unidos e Alemanha, verdadeiras chacinas foram provocadas contra a vida de estudantes, professores, diretores e funcionários. Todos os casos envolvem como autor criança ou adolescente que era conhecido por ser tímido, distante e oprimido.


Um dos casos que gerou grande repercussão aconteceu em San Diego, Califórnia, com Charles Andrew Williams, de 15 anos. Charles abriu fogo contra vários colegas. Dois morreram e treze ficaram feridos. O biótipo físico frágil do garoto facilitava as brincadeiras e provocações por parte dos outros alunos da escola. Como forma de se vingar, Charles decidiu fazer justiça com as próprias mãos. Dias antes do ocorrido, testemunhas chegaram a informar que o garoto avisou que iria à escola armado, poucos dias depois. Estudo feito pelo governo dos EUA mostra que este tipo de ocorrência tem aumentado consideravelmente nos últimos anos.


O suicídio é o caso mais extremo neste tipo de situação. Foi o que aconteceu em março deste ano, quando Phoebe Prince, uma adolescente de 15 anos se matou na cidade de South Hadley, em Massaschussetts.


A jovem irlandesa havia mudado para os EUA recentemente. Nove colegas da escola foram indiciados pela justiça americana, acusadas de praticar o bullying contra a garota. O motivo provável é a justiça feita por um colega, que teve um rápido relacionamento com a jovem irlandesa. Como o namoro não deu certo, o rapaz procurou formas covardes de externar sua ira e descontentamento.


2014, a Copa dos brasileiros

Faltam quatro anos para que a maior competição de futebol volte a ser disputada no Brasil. Nosso País recebeu o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014 graças a um rodízio de continentes instituído pela FIFA. Com esse sistema, a África do Sul também teve a chance de organizar a edição desse ano. A escolha do Brasil não foi nenhuma surpresa, já que era uma candidatura única. Nesse contexto, o órgão máximo do esporte mais popular do mundo se viu na obrigação de ratificar a escolha da nação que por mais vezes foi campeã do torneio de seleções e conhecida como “o país do futebol”. Belo Horizonte fará parte como uma das cidades sedes e tem tudo para fazer bonito.

Depois de 60 anos, a competição volta a ser disputada em solo tupiniquim. Em 1950, o Brasil foi sede da Copa do Mundo e viveu uma das maiores decepções esportivas de todos os tempos. Nossa seleção foi derrotada na final, em pleno Maracanã, com quase 200 mil espectadores, pelo Uruguai. Naquela Copa, Belo Horizonte recebeu jogos como Iugoslávia 3 x 0 Suíça e aquela que é considerada uma das maiores “zebras” da história do torneio, os Estados Unidos venceram a Inglaterra por 1x0 no Estádio Independência.
Dessa vez, os jogos serão disputados no Mineirão, inaugurado em 1965, 15 anos após a primeira Copa realizada no Brasil. O “Gigante da Pampulha” já foi o segundo maior mundo, mas, com o tempo, vem mostrando sinas cansaço. Em 1997, foi registrado o público recorde do estádio, mais de 132 mil pessoas assistiram a final do Campeonato Mineiro entre Cruzeiro e Villa Nova. Hoje, a capacidade não passa dos 65 mil, ou seja, menos da metade. As instalações são antigas e mesmo com a implantação de cadeiras no lugar das arquibancadas, isso não é o bastante para receber jogos de uma Copa do Mundo. As reformas já começaram e somente a carcaça representada pelo anel externo ficará intacto, o restante será modificado. “O Mineirão é uma edificação pública, temos que ter o maior cuidado com isso. As mudanças serão feitas com extrema cautela para que não gerem estranhamento. Além do que, é uma obra tombada como patrimônio nacional e cartão postal da cidade. A modernização é necessária, mas sem esquecer do contexto histórico.” afirmou, Gustavo Penna, arquiteto responsável pela obra.

Segundo o vice-presidente do comitê para assuntos da Copa do Mundo, Dr. Tadeu Barreto, a grande mudança será na parte externa do Mineirão. O antigo estacionamento dará lugar a uma gigantesca praça plana que contornará o estádio, podendo assim ser utilizada para diversos eventos. Já na parte interna, o gramado será rebaixado em três metros, às cadeiras se estenderão até onde hoje é a geral que será eliminada, aumentando a capacidade de público, os 65 mil espectadores de hoje vão ser 70 mil para Copa. O número de camarotes também aumentará, serão construídos restaurantes e lojas, ou seja, o Mineirão ser vai ser um centro de atividades para toda a família.

Para lotar o templo maior do futebol mineiro e garantir um espetáculo transmitido para mais de 250 países é preciso que torcedores e a imprensa se locomovam por BH com conforto e segurança. É pensando nisso que a BHTRANS trabalha com três pilares principais. O Diretor de Planejamento, Célio Bouzada explica como serão as ações: “O primeiro pilar chama-se: Corta Caminho. São ligações perimetrais entre regiões da cidade. O objetivo é tirar o chamado tráfego de passagem do centro da cidade. Outro pilar é o sistema de transporte coletivo, os ônibus andarão em canaletas exclusivas e os embarques serão em nível agilizando o processo. O terceiro e ultimo é o metrô. O projeto prevê um trem subterrâneo da Savassi a Lagoinha e a ligação do Barreiro até o Calafate. Dessa forma, vamos esvaziar a área central, facilitando os translados durante a Copa e para muito além dela”.

Belo Horizonte tem tudo para receber bons jogos, a abertura e fases finais da Copa, com isso, os turistas virão de todo Brasil e de diversas partes do mundo. A Rodoviária da capital já comporta um fluxo grande de embarques e desembarques e já estaria preparada para receber o público durante a competição, afirmou o Gerente do Terminal, Ricardo Coutinho. O Aeroporto da Pampulha não recebe vôos internacionais, mas receberá os visitantes que vierem de avião das outras cidades mineiras e do restante do Brasil. Segundo a Superintende, Socorro Pinheiro as providencias já estão sendo tomadas para 2014, como a construção de uma nova torre de comando e ampliação dos hangares já existentes. Mas estamos tratando de um evento global, pessoas de diversas partes do mundo desembarcarão na cidade para acompanhar o espetáculo. A porta de entrada é o Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Atualmente o sítio aeroportuário passa por reformas, visando a Copa do Mundo. “Já estamos reformando e ampliando o estacionamento. Temos opção de adequar o terminal número um, já que ele possui muitos espaços vazios, ou partirmos direto para a construção de um segundo terminal”. Afirmou o Superintendente Silvério Gonçalves. Popularmente conhecido como “Confins”, nosso aeroporto leva algumas vantagens sobre os outros existentes no Brasil. Ainda, nas palavras de Silvério Gonçalves, Não há necessidade de desapropriar áreas como está acontecendo em outros aeroportos e o governo tem um plano estratégico para daqui a 30 anos, garantindo que o espaço ao redor não esteja ocupado e permaneça a disposição para expansão dos novos terminais.

Depois da chegada, os turistas precisam de se hospedar. Segundo especialistas, esse seria o maior problema enfrentado pela capital mineira. A falta de hotéis poderia prejudicar o desempenho da cidade junto a outras capitais como Rio de Janeiro e São Paulo. Mas para a Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - seção Minas Gerais - ABIH MG, Silvania Capanema, esse problema não existe. A FIFA pede 20 mil leitos, Belo Horizonte e região metropolitana possuem 32 mil. Sendo assim, com o problema da quantidade resolvido, é hora de trabalhar a qualidade. “O planejado é que os funcionários e colaboradores da hotelaria e turismo tenham um certificado que será concedido perante uma capacitação via SENAC ou outro órgão, habilitando a pessoa a exercer aquela função”. Completou, Silvania. Mas para quem já dispõe de excelência no serviço, como é o caso do Ouro Minas Palace Hotel, o fator mais complicado é adaptar-se a uma cultura estrangeira. “Imagine uma seleção de um país muçulmano, onde não pode haver contato direto com mulheres, a restrição alimentar é muito grande, e as cores tem papel fundamental. Pare eles, o branco representa a morte. Então, você tem que trocar toda a roupa de cama, a coloração das suas toalhas e isso tem que ser levado a sério, já que remete a cultura da nação”. Afirmou Acácio Pinto, Gerente do Ouro Minas.

Todos os preparativos pretendem transformar a capital na melhor anfitriã. A FIFA distribui entre as sedes vários eventos principais como: a cerimônia de abertura, o jogo final, o centro de imprensa, e, talvez, aquela que seria a maior honra, sediar a seleção brasileira. Para o governador do estado, Professor Antonio Augusto Anastasia, não ficaremos devendo nada a ninguém. “Belo horizonte, certamente, terá condições de disputar, em pé de igualdade com as outras cidades, e ser palco dos maiores e mais marcantes acontecimentos da Copa do Mundo de 2014”.


Problema para alguns, solução em BH


Nem mesmo os melhores jogadores do mundo podem se dar ao luxo de não treinar. Todas as cidades sedes possuem times profissionais de futebol, mas nem todos possuem centros de treinamentos condizentes com a estrutura esperada para uma Copa do mundo. Podemos citar o Rio de Janeiro como um exemplo claro: ninguém duvida que a final do torneio será realizada no templo maior do futebol mundial, o Maracanã, mas Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco pararam no tempo, quando o assunto é CT. As instalações são precárias e antigas, os campos estão maltratados, cansados pela maratona de jogos e exercício feitos pelos jogadores. Nesse quesito Belo Horizonte leva uma vantagem muito grande sobre as outras anfitriãs.

Quem acompanha o futebol mineiro de perto, tem propriedade para falar sobre esse assunto. O presidente da Federação Mineira de Futebol, Dr. Paulo Schettino, afirmou: “O Cruzeiro tem dois centros de treinamentos que não devem nada aos melhores do mundo. O atlético tem um CT excepcional que, inclusive, já acolheu a seleção brasileira, em 2008, antes do jogo contra a Argentina no Mineirão. O América pode reformar seu espaço de treinos e também é candidato fortíssimo a receber um dos selecionados hospedados em Belo Horizonte. Então, esse problema não existe aqui e nem existirá durante a Copa”.

Os Clubes se orgulham da estrutura conquistada com o tempo. A cidade do Galo terá papel fundamental para Copa. Localizada próximo ao Aeroporto Internacional de Confins e com acesso rápido ao Mineirão, a seleção alocada em suas dependências não terá nenhum problema. Segundo a Diretora Executiva do Clube Atlético Mineiro, Adriana Branco, o CT possui, dentro do regulamento FIFA, um hotel principal com 20 apartamentos duplos, um hotel para categoria de base que serviria para alocar o staff que vem junto com a seleção de outro país, com capacidade para 112 hospedes. Já o Cruzeiro, pode ser o time que mais contribuirá, cedendo os dois centro de treinamento. A Toca I foi concentração da seleção brasileira para as Copas de 1982 e 1986 e continua sendo um dos melhores centros de treinamento do país, mesmo não sendo mais a casa do time profissional que treina em outro local. “Nós temos aqui, na Toca II, quatro campos com dimensões oficiais, um moderno centro de recuperação de atletas com contusões, uma sala moderna de musculação e um hotel com 26 quartos”. Declarou o Diretor de Comunicação do Cruzeiro, Guimerme Mendes. O América tem planos para o futuro. Em uma área de 90 mil metros quadrados, localizada ao lado do CT Lanna Drummond, a diretoria pretende erguem um novo espaço para treinos, mais moderno e completo.

Na Copa, um grupo de seleções possui quatro equipes. Belo Horizonte tem quatro centros de treinamento que atenderão, de maneira exemplar os selecionados de outros países. Sendo assim, vai uma dica: atletas e delegações estrangeiras torçam para jogarem em BH, além da hospitalidade mineira, a infra-estrutura dos times da capital darão a vocês a impressão de estar em casa.

Um dos filhos do Francisco

Um dos filhos
do Francisco


Wesley Melo
José Eduardo Vidigal Ribeiro
Carmelita Maria


Buzinas, fumaça, trânsito parado, cheiro de cimento, avenida Antonio Carlos, sufoco. Quando entramos na orla da lagoa da Pampulha,um verdadeiro alívio. O cenário começa a se modificar com o cheiro de água e com o vento entrando pela janela do carro. Ao entrar pela portaria principal da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, popularmente conhecido como Jardim Zoológico, um novo cenário se estabelece. Árvores, pássaros, flores, meninos correndo, ônibus escolares e populares formam nova paisagem vista de dentro do carro.
Desembarcamos em frente ao aquário, munidos de muita curiosidade, além de papel e caneta, ávidos por informações sobre o maior aquário de água doce do Brasil e o primeiro a retratar a bacia do Rio São Francisco. Nossos bloquinhos de anotações quase transbordaram com 1 milhão de litros de água, 40 espécies de peixes, espalhados por 22 recintos.
Mergulhar no São Francisco e em suas histórias. Esse é o objetivo do zoológico para os moradores da capital mineira e pra aqueles que não sabem nadar. Milhares de peixes recolhidos do Velho Chico desfilando formas, cores e estilo. Porém o preço da entrada do aquário é salgado apesar do rio ser de água doce. R$5,00 para entrar no rio, ou melhor, no espaço que retrata o São Francisco.

Por dentro do aquário
Dentro da área reservada, podemos nadar nas águas da cultura, história, dos contos e da vida do velho Chico.Uma enxurrada de informações, passadas por simpáticas e inteligentes recepcionistas que, são verdadeiras salva-vidas nesse mar (ou rio) de informações e cultura. As condições adequadas de sobrevivência em cativeiro, foram criadas por biólogos da fundação. Nos tanques o mesmo cenário encontrado no fundo do rio: galhos, troncos de árvore, pedras que servem de esconderijo e parte da vegetação coberta pelo curso d’água.
A recepcionista Adriana (nome fictício) conta que o maior peixe do aquário é um Surubim, muito apetitoso, que mede 1,40m. Para vê-lo em ação, tem que ter sorte, pois o bicho tem hábitos noturnos e pela manhã apenas passeia pelo aquário de vez em quando. Entre os peixes temos dourados, curimatãs, matrinxãs, piau-três-pintas, cascudo, piaba rapadura, piaba-do-rabo-vermelho e a rabo-amarelo (eu hein). Além dos peixes, canoas, carro de boi, a âncora, as carrancas, e duas grandes pedras são alguns símbolos que (com devidas proporções), nos coloca no cenário da bacia do rio.
Ao sair do aquário, nos deparamos com uma lanchonete bacana, mas aconselho a não pedir nada que contenha peixe, é o mesmo que pedir a volta do Collor à presidência.

Saindo pra respirar
Ao sair do mundo das águas saofranciscanas, percebemos o pátio externo e os arredores povoados por crianças, adolescentes, professores e monitores. Aproximamo-nos de um grupo de crianças, ainda sob os efeitos das visões do mundo aquático, que comentavam a nova experiência com sua professora: Os alunos comentavam sobre os peixes mais bonitos e sobre o surubim que pode atingir 1,40m. Thiago, 12 anos, lembra de uma placa colocada ao lado de um aquário com a seguinte frase: SOS São Francisco. “Temos que nos conscientizar para a preservação das matas e dos rios, para nossa própria sobrevivência no futuro”. Já a professora Maria das Graças, do Instituto Libertas, conta da importância do contato físico dos alunos com a natureza. “Uma coisa é falar sobre a bacia do Rio São Francisco; outra coisa é estar dentro de um ambiente que recria as condições de vida deste local e dar uma aula com toda esta infra-estrutura” (legal isso aí). Para ela, que adota uma posição construtivista de ensino, uma visita temática é um poderoso instrumento de ensino e conscientização ecológica. “ O aluno tem que vivenciar, ter contato, experimentar para aprender”.
A intenção do Zoológico é mostrar o Rio São Franciso
através de sua história

E com a alma ecologicamente lavada, com tanta água, nos despedimos dos alunos, certos de que a experiência por eles vivida, e por nós reportada, certamente produzirá resultados imediatos.

Betim Shopping às moscas

Consumidores são obrigados a enfrentar calor e cheiro de gordura; lojistas desistem de investir e fecham os estabelecimentos

por Julia Ruiz

Quem acessa o site do Betim Shopping, mas nunca esteve no local, não imagina que o centro de compras tenha uma infraestrutura tão precária. O conteúdo disponível na web mostra que o investimento se limitou à internet. Ou seja, do mundo virtual para o real, a discrepância é enorme.
Do estacionamento, que, além de descoberto, teve parte desviada para outro espaço em função da instalação de uma faculdade no local, aos espaços vazios nos corredores, o shopping está cada vez mais aquém de suprir uma cidade de cerca de 450 mil habitantes. A reportagem esteve no local e registrou o estado em que se encontra o único shopping de Betim.
Cheiro de gordura impregnado nas roupas, banheiros depredados e bebedouros sem água são reclamações frequentes dos usuários. O superintendente do shopping, Rodrigo Campelo, garante que adequações estão sendo realizadas. "Estamos investindo em melhorias. Instalamos, por exemplo, um novo circuito de ar-condicionado em outubro de 2009. Também estamos fazendo mudanças no estacionamento, pois ele não supria o número de veículos, que cresceu expressivamente na última década. Também trocaremos, em breve, as portas dos banheiros e as lixeiras dos corredores. Todas as mudanças já serão visíveis em junho".

Decepção
A decepção foi o motivo pelo qual o comerciante Everando Silva decidiu fechas as portas de seu estabelecimento no centro de compras. "Quando abri o restaurante, logo depois da inauguração do shopping, a promessa era de trazer investimentos e recursos para o local. No início, as coisas até funcionaram bem. Mas, de repente, quiseram preencher os espaços destinados às lojas e começaram a propor aos meus funcionários que abrissem estabelecimentos em condições facilitadas. Tive baixa de dois ótimos funcionários e, por fim, quando começaram a sondar minha cozinheira, fiquei muito irritado e decidi que não valia mais a pena manter o empreendimento diante de tantas dores de cabeça", conta.
Silva comenta ainda que "a administração passou a visar unicamente ao lucro. Ninguém procurava mais saber se os lojistas estavam satisfeitos, não investiam em melhorias, não consultavam os clientes. Fora a entidão nas negociações com as grandes redes. Me lembro que tiveram a oportunidade de trazer as Casas Bahia, mas o acordo demorou tanto a ser efetivado que a rede optou por se instalar no centro da cidade", recorda Everando.
O empresário Edmar Nogueira, proprietário de uma loja de artigos para o lar, manteve uma de suas lojas no local durante três anos. Ele ressalta que houve um erro estratégico. "Acredito que o local não deslanchou em função de um erro estratégico de localização. Se o centro de compras ocupasse, por exemplo, o lugar onde funciona o centro de distribuição das Casas Bahia, na BR 381, sem dúvida atenderia a mais pessoas e colheria melhores resultados. É claro que também houve muita negligência por parte da administração com relação a outros pontos, mas este sem dúvida foi o crucial", opina Nogueira.
"Hoje, do jeito que as coisas estão, investir no shopping já não compensa nem para o lojista nem para o empreendedor", completa o empresário.
Os clientes que precisam frequentar o local reclamam. “Não tenho condições de ir a outros centros de compra fora da cidade, então acabo me tornando refém daqui. Toda vez que vou ao Betim Shopping é a mesma coisa: sou mal atendido, tudo é extremamente demorado e, além disso, saio de lá com um cheiro de gordura terrível. As lojas também estão fechando, então acabamos ficando sem muitas opções. É preciso tomar providências para melhorar essa situação. Betim merece um shopping melhor", desabafa o técnico em informática Wesley Amauri de Souza.
Para o estudante Gabriel Martins, o centro de compras não acompanha o desenvolvimento da cidade. "A higiene está muito precária e o calor dentro do shopping está absurdo. Dá até vergonha de trazer alguém de fora. Quando vou ao cinema no sábado à noite, por exemplo, saio com um cheiro fortíssimo de gordura. Se compararmos este shopping com os de Contagem ou de Belo Horizonte, percebemos o quanto o ambiente interno destes é muito melhor", opina.
O enfermeiro Vandeir de Oliveira acrescenta que o Betim Shopping não possui profissionais qualificados para atender os clientes. “O shopping deveria melhorar em vários aspectos, mas principalmente o atendimento, que é péssimo. Aqui o tempo de espera é muito acima do tolerável e, quando finalmente chega a nossa vez, nos deparamos com funcionários mal educados e despreparados. Os banheiros estão sempre sujos e o estacionamento não atende à demanda dos veículos. A segurança também deve ser mais qualificada, porque, por exemplo, acabei de ver um vigia discutindo com um cliente. Não temos opção, então pagamos o pato, mas o shopping está longe de ser razoável", argumenta.


Ampliação seria feita no 1º ano
No ano de 1999, quando o Betim Shopping comemorava um ano de funcionamento, a então administração do centro de compras divulgou que o local seria ampliado. Na época, foi anunciado que o shopping expandiria mais mil metros quadrados, além de receber duas novas lojas-âncora: as Casas Bahia e a rede de lojas feminina Marisa.
O superintendente do Betim Shopping, Rodrigo Campelo, diz que enfrenta hoje um problema cultural. "As pessoas estão acostumadas com o ambiente industrial, então têm dificuldade de aceitar bem o varejo. Por isso, estamos trabalhando para conhecer melhor as demandas da cidade para oferecer melhorias".
Campelo acrescenta que a atual administração do shopping está preparando o local para receber grandes marcas. “Nossa meta é oferecer todas as opções que o consumidor teria em qualquer grande centro. Não vamos mais ficar para trás", garantiu.

Imóveis de luxo: O grande filão da vez

Aos 72 anos Betim é redescoberta por empreendedores e vivencia o boom imobiliário

Por Renata Zacaroni Goulart


Se no ano de 2008 o mundo foi assolado pela crise financeira global, que afetou inicialmente os Estados Unidos e golpeou especificamente o setor imobiliário norte-americano, em Betim, o efeito foi quase que contrário. Apesar da economia local e nacional ter sido visivelmente atingida por esse impacto, à venda de imóveis no município não experimentou mudanças e, diferentemente disso, tem atraído cada vez mais investidores em um segmento especifico: os apartamentos de luxo.
Segundo especialistas, para os empreendedores de plantão e independentemente da ocasião, essa tem se tornado uma das melhores opções de investimento. “Os imóveis são sempre uma boa alternativa e caminham a favor do investidor. Se a economia não anda bem, investir em imóveis é o mais seguro; se ela se encontra estável, tranqüila, os imóveis se tornam mais fáceis de adquirir e de todas as formas, são uma garantia”, afirma o gerente de vendas da Imobiliária Vicente Araujo Imóveis, Ciro.
Os apartamentos de luxo são ainda mais promissores no mercado. Os altos investimentos na cidade, a abertura de novas vias, faculdades, indústrias, shoppings e muitos outros fatores, aumentam o público para esse tipo de oferta e conseqüentemente, aumenta o número daqueles que desejam abrir espaço para esse empreendimento.



Como os luxuosos apartamentos
se tornaram o negócio do momento


Acabamento de primeira qualidade – que na maioria das vezes pode ser escolhido pelo próprio cliente, como piso, rebaixamento em gesso e outros detalhes, dependendo das normas da construtora -, as dimensões surreais que variam de 150 m² a 500 m², a comodidade, o lazer, os mais diversos ambientes concentrados em um único lugar agregados a segurança. Espaço gourmet, SPA, sauna, salão de festas, as salas avarandadas dentro do próprio lar, são alguns dos mimos para o bem estar de quem opta por adquirir um apartamento de luxo. E com tantos atrativos assim fica difícil não se render.
“Mas acredite se quiser, não são apenas esses atrativos que encarecem um imóvel e o supervalorizam”, explica o economista, Vicente Mesquita que complementa que o aumento do preço de um apartamento de luxo também pode variar devido ao “efeito cascata”. Para ele, “Os anos de 2010 e 2011 continuarão aquecidos no mercado imobiliário, principalmente no setor de luxo, mas esses preços vão acomodar pois o setor está chegando no seu ápice. O aumento de renda generalizado, escalonado, onde a classe D e C sofreram um reajuste, passam a consumir mais e o destino dos gastos dessas classes automaticamente são repassados às classes B e A todos saem ganhando”.
Ainda de acordo com os conhecimentos do especialista, poucas pessoas sabem as razões pela qual um apartamento de 250.000 mil passa a valer um apartamento de 500.000 mil – embora todas devessem se preocupar em entender esse processo. “Um agravante é a dificuldade em contratar mão de obra para agir na construção de um edifício. Está cada vez mais difícil encontrar pedreiros e em conseqüência dessa escassez, o empreendedor é obrigado a pagar mais caro pela mão de obra. Em nenhum instante ele terá prejuízo, pois resguarda seu lucro e quem realmente sente esse aumento é quem compra o imóvel, que paga pelos gastos a mais da construtora”.
Quem também se beneficia com esse momento e o comemora é o setor de materiais de construção. Para o consultor de vendas da Loja Cerâmicas Nacionais Reunidas de Betim, Carlos Alberto Tamborelli a tendência é de que as vendas aumentem ainda mais durante esse ano. “Esse superaquecimento só veio a contribuir. Cada vez mais pessoas querem mercadorias de primeira linha, exigem o que há de melhor e mais sofisticado no mercado. De dois anos para cá, aumentamos nosso faturamento em 200%. E isso com o auxilio direto das construtoras, que atualmente deixam o leque aberto aos seus clientes e os proporciona a oportunidade de escolherem todo o acabamento interno de seus apartamentos”, afirma.


As facilidades do crédito:

Até então, há dois anos atrás os apartamentos de luxo eram muitos para a fraca demanda em Betim. Devido ao impulso dado à movimentação no segmento por parte dos subsídios criados e oferecidos pelos mais diversos bancos que proporcionam financiamentos em até 30 anos, esse quadro foi revertido, cresceu 100% e hoje, ser o proprietário de um imóvel acima de R$ 400.000,00 não é mais uma tarefa restrita a poucos.
“Com o crédito cada dia mais facilitado, as taxas cada vez mais atrativas, custos mais baixos e instituições que ate então não possuíam crédito imobiliário e agora o dispõem para conservar os seus clientes, tudo se tornou mais fácil”, comenta o corretor de imóveis Rubens do Pinho Ângelo, da empresa Célio Nogueira Imóveis. O profissional ainda explica que trabalhadores como empresários, servidores públicos, executivos, dentre outros, têm uma perspectiva econômica do futuro positiva por conhecerem sua estabilidade e assim decidem aplicar seu rendimento de forma que não vejam risco.
O perfil dos compradores tem mudado bastante. Se até uma década atrás, eram empresários de mais de 45 anos que procuravam este tipo de imóvel, hoje, quem está assumindo boa parte das compras é da faixa etária de 35 anos. As facilidades de pagamento até mesmo para esse público são extremamente atraentes. Instituições como Banco do Brasil, Banco Itaú, HSBC, Caixa Econômica Federal e muitas outras aderiram ao sistema de financiamento de habitação. Em casos específicos, com a compra do imóvel na planta, os financiamentos podem chegar a até 360 meses para pagar, 10 anos com taxa de 1% ao mês e parcelas decrescentes.


Os (baixos) gastos com uma vida luxuosa

Por incrível que pareça, tem se tornado cada vez mais comum encontrar edifícios que agregam o luxo às baixas despesas

Apartamentos duplex com duas suítes; outros contendo três quartos, sendo duas suítes e coberturas duplex – tudo isso em um único empreendimento e que por si só, já é extremamente atraente. Agora agregue a isso outros valores que dificilmente podem ser encontrados dentro de um mesmo edifício como Lan House, Garage Band - um espaço com tratamento acústico a prova de som, climatizado, que permite a realização de ensaios musicais com conforto e privacidade, Car Wash – espaço destinado a realização de lavagem dos carros dos moradores do prédio, Espaço Gourmet, Fitness Center, Salão de Festas, Sauna, Salão de Jogos, Piscina Adulto e Infantil, Ofurô, Playground, ampla área verde, sistema único de telefonia e Internet para todo o prédio. Pode até parecer impossível, mas não é. O exemplo disso está diante dos olhos de toda a população de Betim, no Residencial Maestros.
Como se fosse pouco, a localização do empreendimento é privilegiada. Zona nobre de Betim, próximo a Casa da Cultura, Hospital da Unimed e ao centro comercial do município, o Residencial Maestros surgiu através do investimento do grupo espanhol Maestro Matteo que iniciou seu trabalho no Brasil justamente por Betim. Um projeto que trouxe a cidade um novo conceito de moradia com bom gosto e qualidade de vida e sendo pioneiro no quesito.
Surpreendentemente, o que mais chama atenção em tudo isso não são apenas os serviços prestados pelo edifício. São os preços. Todas essas funcionalidades já mencionadas estão inclusas em condomínios que valem a partir de R$330,00 e que variam conforme a metragem dos apartamentos.
Para a consultora de imóveis Eliza Alves, que atuou nas vendas dos apartamentos do edifício, não há nem mesmo necessidade de se realizar uma comparação entre os gastos daqueles que usufruem destes serviços no prédio com aqueles que tentam fazer uso dos mesmos habitando apartamentos convencionais ou até mesmo casas, pois as vantagens e diferenças nas despesas são notórias. “Uma pessoa que mora em uma casa ou em um apartamento comum tem gastos com cota em clube para freqüentar piscina e sauna, academia, lava-jato. Gasta com internet e telefonia que não sai a menos de R$18,90 – que é o que os moradores do Maestro pagam para obterem essas duas funcionalidades juntas. Tudo a disposição do morador. Isso não resultaria a menos de R$500,00 para aqueles que têm que recorrer a esses serviços por fora, ou seja, a economia é enorme e o lazer e a praticidade são maiores ainda”, afirma Eliza.
As únicas despesas não compartilhadas entre os moradores do edifício são relacionadas à energia elétrica utilizada por cada apartamento, ao gás e á água, que dispõem de hidrômetros. O equipamento mencionado foi a solução mais democrática encontrada, muito utilizada em edifícios modernos como o Residencial Maestros. Permite individualizar o consumo de água ou de gás de cozinha em condomínios residenciais e comerciais, com a finalidade de realizar um rateio justo das faturas emitidas pelas distribuidoras, sendo proporcional ao consumo realizado por cada unidade consumidora.
Para a engenheira e subsíndica do Residencial Maestros Juliana de Castro, habitar um edifício como o Residencial Maestros é extremamente gratificante e compensador, em termos econômicos. “Aqui no prédio, atuo há dois meses como subsíndica, mas me empenho em manter o nível dos serviços que nossos moradores desfrutam e melhorá-los também cada vez mais. Tento reunir as preferências de cada um e agregar ao conjunto. Agora como moradora, não há nem mesmo o que falar! Morar aqui é maravilhoso, não tenho necessidade de sair do edifício para praticamente nada e falo que falta tempo para conhecer tudo que está disponível para mim aqui dentro”, brinca.

Ascensão dos shoppings populares

Projeto da Prefeitura tira camelôs das ruas da região central

Por Aline Campolina, Amanda Rafaela, Jack Sabino e Marcos de Castro

Desde agosto de 2003 os camelôs foram retirados das ruas de Belo Horizonte e transferidos para os denominados “shoppings populares”, nos grandes centros públicos da capital. Resultado de uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada, o shopping Oiapoque foi o primeiro a receber os trabalhadores informais, cadastrados de 1998 a novembro de 2002. Outros mais de 2.000 camelôs e toreros da região centro-sul da capital foram gradativamente remanejados para espaços específicos, como o Tupinambás, Xavantes, Caetés, Tocantins e Barro Preto. Todos – com exceção do Caetés que parte é administrado pela Prefeitura –, são de responsabilidade da iniciativa privada.

Atualmente, além do shopping Oiapoque (popularmente chamado de “Oi”), outros três se encontram em funcionamento, o Caetés, Tupinambás e Xavantes. Na região de Venda Nova, outros shoppings populares também foram criados com a mesma iniciativa da Prefeitura, como o Shopping Norte, O Ponto e o Shopping Céu Azul (os dois últimos são pontos de também ex-camelôs que vendiam seus produtos nas ruas da região). Segundo a PBH, outros cinco centros de compras estão sendo construídos, no bairro Candelária, no Céu Azul, no Mantiqueira e outros dois na rua Padre Pedro Pinto, no centro comercial de Venda Nova.

Um mês após o acordo com os camelôs que integraram o shopping Oiapoque, implantou-se o Código de Posturas do Município, que proíbe o comércio dos vendedores ambulantes nas ruas. O Código, segundo a cartilha e Lei nº 8.616 de 14 de julho de 2003, “é um conjunto de normas que regulam as posturas, visando promover a harmonia e o equilíbrio do espaço urbano, por meio de disciplinamento dos comportamentos, das condutas e dos procedimentos dos cidadãos de Belo Horizonte, regulando as operações de construção, conservação e manutenção e o uso do logradouro público, as operações de construção, conservação e manutenção e o uso da propriedade pública ou particular, quando tais operações e uso afetarem o interesse público”. Integrante do projeto Centro Vivo da PBH, os shoppings populares surgiram de um objetivo de abrigar os trabalhadores informais para despoluir visualmente a cidade. O projeto e conjunto de obras sociais que foi criado em 2004 visa, segundo o site da Prefeitura, a recuperação de toda a área central da capital, e também “outras iniciativas que irão beneficiar a região”. Uma fiscalização diária é feita para evitar que os vendedores retornem para as ruas.

Os shoppings populares ou camelódromos de belo Horizonte contam com o apoio de, além da Prefeitura, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH). Estes locais são como os shoppings comuns que conhecemos, possuem além das lojas, banheiros e restaurantes; e são pontos de venda que a PBH deseja legalizar e transformá-los de setores informais em formais. Hoje, o volume de pessoas que passam pelos shoppings populares é grande, e eles beneficiam o comércio no entorno em que estão instalados. Muitos comerciantes perceberam o aumento no volume de pessoas, principalmente nos fins de semana e datas comemorativas.


A capital possui ainda, desde dezembro de 2008, outro shopping na região da rodoviária. O Uai Shopping, segundo seus investidores – o grupo europeu DOIMO –, recebeu um investimento de R$ 27 milhões, e é composto por 150 lojas com características de preços voltados para a classe C. Segundo Elias Tergilene, diretor de operações do shopping, em entrevista para o site, o Uai tem um diferencial dos demais camelódromos. "Estamos abrindo um novo nicho de mercado. Somos shopping popular por termos lojas que praticam preços mais acessíveis, e, ao mesmo tempo, mantemos todas as características de um shopping convencional com arquitetura moderna e agradável, mix planejado, legalidade, segurança, conforto e higiene", explica o diretor.

A situação destes trabalhadores antes da instalação nos shoppings populares era de total desconforto e insegurança. O local de trabalho era nas calçadas, lugar que disputavam com os pedestres. Os camelôs expunham seus produtos em barracas simples de metal e madeira, que eram montadas e desmontadas diariamente. Elas tinham também esta característica para facilitar a fuga da fiscalização, que sempre retinha as mercadorias muitas vezes em situação ilegal. Nas ruas, os vendedores ambulantes não tinham como se proteger da chuva, do sol excessivo, poeira ou sujeira. Muitos produtos eram perdidos ou estragavam o que prejudicava as vendas. Os shoppings populares abrigam estes vendedores, e facilita a fiscalização dos órgãos competentes, já que agora as bancas possuem alvará e legitimidade, devidamente cadastradas junto à instância municipal. A credibilidade dos produtos junto a sociedade também melhorou, já que com o espaço delimitado e regras impostas pela Prefeitura reduziu-se,em grande parte destes shoppings, o número de vendedores em situação irregular.



Shopping Oiapoque


O remanejamento dos vendedores ambulantes, que trabalhavam nas ruas da cidade para um estabelecimento único, deu origem ao Shopping Oiapoque, um centro comercial popular localizado na rua de mesmo nome (Oiapoque), na cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Também conhecido como Shopping Oi ou somente Oi.
É um dos maiores shoppings populares da capital mineira, sendo considerado como o mais movimentado, com maior quantidade de pessoas em movimento dentro de um shopping. De acordo pesquisas realizadas, mais de 30 mil pessoas circulam o local nos dias de maior movimento.

Atualmente, ele é o mais famoso dos shoppings populares, e rapidamente se tornou referência ao se procurar qualquer tipo de produto, como roupas, calçados, acessórios, CD e DVD, cigarros e produtos eletro-eletrônicos, a um preço mais baixo se comparado aos shoppings não populares. Geordano Fonseca, 31 anos, mais conhecido como “peixe”, trabalha a três anos no Oiapoque com venda de celular. Para ele, o centro comercial é uma soma de qualidade e preço baixo. “Aqui o cliente sempre sai satisfeito. Ele acha tudo o que precisa com preço mínimo”, completa. De acordo com Fernanda Izabel, cliente assídua do Oiapoque, é impossível sair de mãos vazias do shopping, já que o preço é bastante atrativo.

Rapidamente o Oiapoque se consolidou como o novo local de compras das camadas populares. “O ”Oi” atrai ricos e pobres, todo mundo quer preço bom e variedades”, comenta Fonseca.

Recentemente o shopping passou por reformas para ampliar o número de lojas e espaço de circulação e para reduzir o custo de energia. As ações foram realizadas de acordo com um projeto luminotécnico e a economia está atingindo 53% da conta de energia elétrica.

O projeto trocou os equipamentos de iluminação dos corredores, lojas e áreas comuns do shopping. Ao todo foram substituídas 1600 lâmpadas, sendo que 500 estão localizadas nos corredores e nas demais nas lojas. Outro ponto relevante do projeto foi a ventilação. Os 125 ventiladores fixos “Furacões” de 200 Watts, utilizados nas lojas, foram substituídos por outros de 40 Watts com a mesma performance e melhor sensação de ventilação.

Hoje o shopping possui 900 lojas, entre elas lanchonetes. Há maior espaço de circulação, que permite maior comodidade e conforto para os visitantes e clientes


Comércio informal de Belo Horizonte se organiza e ganha projeção internacional

A informalidade no comércio, apesar do nome, é uma categoria analisada formalmente em estudos e pesquisas socioeconômicas das grandes cidades. Essa vertente do mercado traz no nome a palavra informal, que muitas vezes soa com tom depreciativo. Entretanto, em Belo Horizonte, essa realidade está em processo de transformação.

Dentro de um espaço único voltado para o comércio, os camelôs foram conquistando espaço na opinião dos consumidores. O gerente comercial de uma loja de celulares do Oiapoque, Luís Felipe Aquino, fala sobre os benefícios trazidos pela decisão de formalizar os negócios. “A partir do momento que emitimos a nota fiscal para o cliente passamos a tê-lo mais perto da gente. Isso faz com que os clientes voltem sempre, o balcão está sempre cheio. Temos um retorno muito bom” afirma. Entretanto, não são todos lojistas dos shoppings populares que se conscientizaram da importância de comercializar produtos legalizados. A Polícia Militar apreendeu no último dia 04/05, cinco caminhões com CDs e DVDs pirateados, diversos aparelhos eletrônicos de procedência duvidosa, estimulantes sexuais e medicamentos abortivos vendidos de forma irregular no shopping Xavantes, outro centro comercial popular, na Rua Curitiba.

Para minimizar problemas como este e oferecer aos proprietários a oportunidade de se tornarem empreendedores do comércio popular, o lojista Aroldo José dos Santos teve uma idéia. Em maio de 2005 ele uniu vários lojistas do shopping Oiapoque e de outros shoppings populares com o objetivo de comprar produtos legalizados com preço competitivo e vendê-los com nota fiscal. A partir dessa iniciativa surgiu a Cooperativa Comum de Compras dos Empreendedores de Shoppings Populares (COOESP). Grande parte dos consumidores não valoriza a nota fiscal e sim a garantia do produto comprado. A garantia dos shoppings populares para um produto que apresente defeito em até 30 dias é feita de imediato. É importante ressaltar que a nota fiscal é o documento que garante os direitos do consumidor e a credibilidade do comerciante. Aroldo, presidente da Cooperativa, conta que a região onde os shoppings estão localizados era desvalorizada pelos comerciantes. Com a criação dos centros de comércio popular “vários magazines foram para a nossa região e ficamos cercados por eles, que se beneficiam pela presença de nossa numerosa clientela”, lembra. O trabalho da cooperativa foi necessário para tentar frear este avanço gigantesco em cima de um comércio popular frágil. Vários fabricantes no mercado interno evitam fornecer produtos para shoppings populares, explica Aroldo. A alternativa encontrada pela COOESP foi procurar o mercado asiático e negociar para realizar compras em maior quantidade e obter melhores preços que posteriormente serão repassados aos empreendedores dos shoppings que fazem parte da cooperativa.

Os benefícios oferecidos pela COOESP ao lojista que opta por legalizar a situação do seu negócio são vários e importantes. “Oferecemos informações, palestras e cursos profissionalizantes realizados por universidades. Uma parceria com o Banco do Brasil trouxe recursos financeiros para formalizar os empreendedores e capital de giro para que estes se mantivessem no mercado” ressalta o presidente da cooperativa.
Através de projetos como este Belo Horizonte está ganhando destaque no que diz respeito ao desenvolvimento social da população. Nos dias 19 a 22 de abril a capital mineira recebeu a Assembléia Geral da rede internacional WIEGO - Women in Informal Employment –Globalizing and Organizing (Mulheres no Trabalho Informal – Globalizando e Organizando).

A organização trabalha em prol da melhoria da situação de trabalhadores informais, principalmente as mulheres. Representantes da WIEGO e participantes da conferência visitaram os corredores do Oiapoque para conhecer os produtos e serviços oferecidos. O objetivo é entender o funcionamento do centro comercial e levar esse modelo como referencia para outros países.

Um shopping no coração da cidade

Com 19 anos de existência, o Shopping Cidade é considerado um dos maiores shoppings da capital mineira. O fato de estar localizado no hipercentro de Belo Horizonte - que concentra 11,64% da população - faz com que ele receba, diariamente, uma média de 75 mil visitantes. A grande maioria é de estudantes, pessoas que moram ou trabalham ao redor do centro da cidade ou que utilizam o mall para se locomoverem de uma rua à outra através de suas portarias: Rua Rio de Janeiro, São Paulo e Tupis.
Segundo a Assessoria de Comunicação do Shopping Cidade, o perfil de consumidor predominante é o da classe B, que lidera com 50%, com distribuição equilibrada entre o público masculino e feminino. Para a dona de casa, Silvia Nunes, a facilidade de chegar ao shopping para fazer compras, é o que importa. “Gosto muito de ir ao Shopping Cidade porque, além de me sentir mais segura em relação às ruas do centro, é muito fácil e rápido chegar até ele”, comenta.
O centro de compras possui mais de 150 operações, entre lojas e quiosques - que englobam quase todos os segmentos do comércio, além da loja Supermercados Carrefour Bairro – salas de cinema, praças de alimentação, escadas rolantes, elevadores e estacionamento. “Lá eu encontro tudo que eu quero. É uma verdadeira cidade dentro de um shopping”, explica a dona de casa.

Em 2009 o mall iniciou um projeto de expansão com encerramento previsto para o primeiro trimestre de 2011. As obras fazem parte do projeto de revitalização do centro de Belo Horizonte e contam com um investimento de R$25 milhões. Ainda segundo a Assessoria, o foco maior é modernizar o empreendimento estética e estruturalmente; aumentar o impacto visual do centro de compras no local em que se encontra; e criar mais diferenciais competitivos para os atuais e futuros lojistas. “É um orgulho para o Shopping Cidade trilhar o caminho certo, alinhado com a revitalização do hipercentro da capital, que traz vantagens e benefícios para todos os envolvidos, incluindo clientes, parceiros e moradores da região central”, ressalta.