domingo, 9 de maio de 2010

DESPERDÍCIO PÚBLICO


ÁGUA DESCENDO PELO RALO, LUZES ACESAS DURANTE O DIA

Governo e população gastam os recursos naturais sem a menor preocupação


Em plena época na qual se debate o aquecimento global, a sustentabilidade e o uso consciente dos recursos naturais, muitos parecem não se importar com as questões ambientais. Andando pelas ruas da capital mineira, é fácil perceber. Seja na periferia, na Região Central ou até mesmo na Zona Sul, o desperdício é algo que chama a atenção e causa indignação de parte da população.


Nos canteiros centrais, na hora em que as plantas são irrigadas, quem passa pelo local também leva um banho. Na Avenida do Contorno, Região Hospitalar, os carros que por ali circulam são obrigados a fecharem seus vidros. O motorista Luiz Fernando, 52 anos, passa todos os dias pelo local, indo para o trabalho. Segundo Luiz, as plantas bebem mais água do que muita gente. “Além disso, tenho que fechar os vidros pra não me molhar”, ressalta o motorista.


Não muito longe dali, o problema se repete. Na Avenida Cristóvão Colombo, os pedestres são obrigados a fazer uma longa caminhada para não levarem um banho. A publicitária Ana Paula, 28, trabalha na região da Savassi e tem o mesmo problema. Para ir almoçar, tem que dar uma volta de cerca de 200 metros para não se molhar. “Acho um absurdo! Alguém deveria resolver esse problema”, diz a publicitária.


Também na Avenida do Contorno, no famoso tobogã, um dos locais com maior número de acidentes envolvendo veículos na capital, a água jorra pela rua. Os motoristas que passam pelo local são obrigados a redobrar a atenção para evitar acidentes.



Foto: Guilherme Bernardes

Pedestres atravessam a Avenida Afonso Pena enquanto a água escorre



O problema que afeta a Zona Sul também está na periferia. Na Praça Grécia, Bairro Vera Cruz, Região Leste da Capital, crianças da Escola Estadual Coração Eucarístico brincam com a água de uma torneira que fica na praça. Com a conivência do professor de Educação Física, fazem uso indiscriminado da água. A conscientização sobre fazer economia dos recursos naturais parece não ser assunto debatido na escola. Não muito longe dali, na Rua Leopoldo Gomes, também em frente a outra escola, as luzes também ficam acesas durante todo o dia. Os lojistas da região nunca perceberam o desperdício. A atendente da lanchonete que fica em frente não quis se identificar e disse que “nunca percebeu o problema”.



Foto: Guilherme Bernardes

Rua Leopoldo Gomes, Região Leste de BH



Na Rua Rio de Janeiro, Bairro de Lourdes, é comum ver calçadas sendo lavadas como se a água fosse uma vassoura. Os condomínios de luxo do Bairro na Região Centro-Sul parecem não se importar com o problema e a água continua descendo pelos bueiros. Conversamos com uma faxineira de um edifício e ela disse que são normas da administração que as calçadas sejam lavadas todos os dias. Entramos em contato com o condomínio e o síndico afirmou que a conta de água do condomínio é alta, mas os moradores são exigentes e querem sempre os locais de uso comum limpos. O síndico pediu que tanto a faxineira, o condomínio e ele próprio não fossem identificados.



Foto: clipagemdanoticia.blogspot.com

Calçada sendo lavada com água (foto ilustrativa)



O desperdício, sem dúvida, acaba pesando no bolso do contribuinte. A taxa de iluminação pública, cobrada na conta de luz de cada um de nós, paga os gastos com o desperdício.


Em pontos turísticos de Belo Horizonte, a luz trabalha sem descanso. No Viaduto Santa Tereza, enquanto ainda há luz do sol, às 16h30min da tarde as luzes são acesas. Algumas pessoas que passam pelo local não percebem o desperdício. Paulo Henrique, 22 anos, nunca reparou que as luzes estavam acesas. “Não faz diferença nenhuma, acesas ou apagadas”, ressalta o estudante. Já para Mariana Alves, 31, as luzes ligadas durante o dia são um grande desperdício. “Eu passo por aqui todos os dias e as luzes estão sempre acesas, não entendo por que, já que o dia ainda está claro”, diz a contadora.


Segundo a assessoria de imprensa da Cemig, “as luzes de toda a cidade possuem acendimento automático”. De acordo com a empresa, “o funcionamento ocorre da seguinte maneira: as lâmpadas acendem e apagam através de um equipamento chamado relé, que é acionado de acordo com a luminosidade. No entanto, existem alguns mais sensíveis que outros. Por isso, podem, em alguns casos, ocorrer diferenças no horário de acendimento. Sobre as luzes do viaduto Santa Tereza, o que pode estar acontecendo é que o relé fica localizado em um ponto mais escuro do viaduto, e por causa da pouca luminosidade ele é acionado mais cedo que outros locais”, informou a assessoria.



Foto: Guilherme Bernardes

Viaduto Santa Tereza


A Cemig realizou, em todo o Estado, a substituição de várias lâmpadas de mercúrio por de vapor de sódio, pois estas são mais econômicas. Denúncias sobre o fornecimento de energia devem ser feitas pelo telefone 116. No entanto, a central de atendimento foi contactada pela reportagem para uma reclamação, mas as luzes continuam acesas.


Para a assessoria de comunicação da Copasa, a irrigação de canteiros é de responsabilidade da prefeitura. A Copasa desenvolve um programa para o consumo consciente, e disponibiliza material educativo, além de ministrar palestras sobre o assunto. A Prefeitura informou que os canteiros centrais são “adotados” por empresas. Geralmente, suas sedes estão localizadas próximas ao canteiro, e cada um é cuidado por uma empresa diferente.


Em Nova Lima, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o problema também acontece. Em frente ao Hospital Vila da Serra, as luzes ficam acesas durante todo o dia. Registramos a iluminação pública funcionando ao meio dia.



Foto: Guilherme Bernardes

Alameda da Serra, Nova Lima - MG


Com tantos exemplos negativos, fica uma questão. Como cobrar dos órgãos públicos uma atitude que a própria sociedade não toma? O problema é de todos nós, e cabe a cada um fazer a sua parte.


Outros desperdícios


O Brasil é um dos países que mais desperdiça alimentos, entre 30% e 40% do que é produzido vai para o lixo. Grande parte deste desperdício acontece entre a colheita e o transporte. Um estudo da Embrapa revela que só em hortaliças, por exemplo, o total de perda a cada ano é de 37 quilos por habitante, enquanto a ingestão desses vegetais não passa dos 35 quilos no mesmo período de tempo. Nos países desenvolvidos esse número é de 10%.


Como resolver o problema?


A atitude deve partir de cada um de nós. Sem dúvida, falar é fácil, difícil é mudar os hábitos. Deixar o carro em casa e utilizar o transporte coletivo, levar sacola na hora de fazer o supermercado, separar o lixo orgânico do inorgânico. Reciclar, não só o lixo como a maneira de pensar. Os impactos negativos que o lixo eletrônico trarão, por exemplo, são incalculáveis.


Formas de energia renováveis e pouco poluentes, além daquelas que trazem pouco impacto sobre a natureza, devem ser adotadas pelo governo como prioridades. O Brasil tem enorme potencial para a energia eólica e pouco uso faz dela.


Em 2009, no dia mundial sem carro, a cidade de São Paulo registrou um engarrafamento de quase 150 km. Se cada um tiver força de vontade para começar a mudar hábitos ruins, as novas gerações poderão receber um planeta melhor.


O exemplo que vem de fora


Em Barcelona, o sistema de coleta de lixo é exemplo para o mundo. Criado para os JOGOS OLÍMPICOS de 1992, o sistema consiste em escotilhas, onde o lixo é depositado. As bocas de lixo são conectadas a um sistema de tubulação enterrado a cinco metros do solo. Um grande sugador aspira o lixo de hora em hora, levando o lixo através de dutos até uma central onde é feita a reciclagem. O sistema subterrâneo dispensa os caminhões que fazem a coleta, diminuindo custos e preservando o meio ambiente.



Foto: Globo.com

Morador de Barcelona depositando seu lixo nas escotilhas



Empresas começam a se preocupar com a questão


Buscando fazer sua parte, a cada dia empresas têm se preocupado mais com a questão ambiental. Não só pelo retorno de visibilidade, como também pela responsabilidade, os investimentos têm crescido ao longo dos anos.

Um dos maiores desafios da indústria é manter o equilíbrio ecológico. O crescimento desordenado trouxe danos ao planeta e as atitudes começam a ser tomadas.


Créditos de carbono


Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certificados emitidos para um agente que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa (GEE).


Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, também pode ser convertida em créditos de carbono, utilizando-se o conceito de Carbono Equivalente.


Comprar créditos de carbono no mercado corresponde aproximadamente a comprar uma permissão para emitir GEE. O preço dessa permissão, negociado no mercado, deve ser necessariamente inferior ao da multa que o emissor deveria pagar ao poder público, por emitir GEE. Para o emissor, portanto, comprar créditos de carbono no mercado significa, na prática, obter um desconto sobre a multa devida.

Acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto determinam uma cota máxima de GEE que os países desenvolvidos podem emitir. Os países, por sua vez, criam leis que restringem as emissões de GEE. Assim, aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões tornam-se compradores de créditos de carbono. Por outro lado, aquelas indústrias que conseguiram diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas, podem vender, a preços de mercado, o excedente de "redução de emissão" ou "permissão de emissão" no mercado nacional ou internacional.


Os países desenvolvidos podem estimular a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa (GEE) em países em desenvolvimento através do mercado de carbono, quando adquirem créditos de carbono provenientes destes últimos. (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.)



Guilherme Bernardes

Um comentário:

  1. Vamos lá:
    -Em plena época na qual se debate o aquecimento global;
    -Para ir almoçar, tem que dar;
    -“Acho um absurdo! Alguém deveria resolver esse problema”; diz a publicitária. “Não faz diferença nenhuma, acesas ou apagadas”, ressalta o estudante. “Eu passo por aqui todos os dias e as luzes estão sempre acesas, não entendo por que, já que o dia ainda está claro”, diz a contadora;
    -Concordância e pontuação: No entanto, existem alguns mais sensíveis que outros. Por isso, podem, em alguns casos, ocorrer diferenças no horário de acendimento (-1);
    -Coesão: lâmpadas de mercúrio por de vapor de sódio;
    -Vírgula separando sujeito de verbo: O problema que afeta a Zona Sul também está na periferia. aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões tornam-se compradores. (-1);
    -Crase: em frente a outra escola;
    -Coesão e coerência: A Prefeitura informou que os canteiros centrais são “adotados” por empresas. Geralmente, suas sedes estão localizadas próximas ao canteiro, e cada um é cuidado por uma empresa diferente;
    -Coerência: Com tantos exemplos negativos, fica uma questão.

    Boa matéria. Vale publicar em outra lugar. 23/25

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